sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A paralisia infantil em breve atacará às nossas crianças

Ao observar o desinteresse da população em vacinar as crianças contra a paralisia infantil, começo a acreditar que em breve o Brasil voltará a ter casos de paralisia infantil registrados. Da mesma forma que a febre aftosa voltou, a dengue voltou, a gripe voltou e assim sucessivamente. Tudo por falta de envolvimento da sociedade e de doenças em que a mudança no comportamento humano é a maior arma contra esses vírus que matam. Fiquei decepcionado em ver que a Secretaria Municipal da Saúde teve que adiar por três vezes o encerramento da campanha, e mesmo assim não atingiu a meta de 100% de vacinação, tão pouco a meta aceitável pela Organização Mundial da Saúde. Uma vergonha. Para quem não sabe de primeiro de janeiro a primeiro de julho de 2009, foram registrados 600 casos de paralisia infantil (poliomielite) em todo o Mundo, contra 714 no mesmo período de 2008. No total, o mundo contabilizou 1.652 casos de pólio no ano passado, e as estimativas para 2009 ficam em torno de 1.200 casos, mostrando que a doença continua recuando, diante de todo o esforço que os agentes de saúde, os rotarianos, voluntários, os médicos e enfermeiros se dedicam nesta causa. Segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS), de primeiro de janeiro a primeiro de julho deste ano, tivemos 160 vítimas da paralisia infantil nos chamados países reinfectados. E que fique claro: a pólio hoje em dia é realmente considerada endêmica em apenas quatro países: Índia, Nigéria, Afeganistão e Paquistão. Mas para a minha surpresa, 15 países africanos, onde a doença vem sendo registradas, mesmo que com poucos casos, voltaram a ter a paralisia infantil como problema preocupante. Agora são 19 Países em que o vírus é uma ameaça. O que assusta é que estes 160 casos contabilizados nos países reinfectados, neste primeiro semestre de 2009, já ultrapassaram a soma de todos os casos registrados nessas mesmas áreas ao longo de todo o ano de 2008, que foi de 146 casos, ou seja, em termos absolutos, a pólio está recuando, não há dúvidas, mas o vírus voltou a se alastrar, ainda que de forma tímida, em áreas onde já havia sido controlado. Não atingir a meta estabelecida para vacinar todas as crianças é uma ameaça para que este malefício volte a afetar seres humanos dos mais vulneráveis e que carregarão esta marca pelo resto de nossas vidas. Como bem diz o médico ortopedista, Darci Cavalca, que faz uma série de palestras de alerta sobre a paralisia infantil, inclusive mostrando fotos chocantes da doença, não podemos baixar a guarda. A qualquer momento esse vírus pode chegar até aqui, em questão de horas, e se as nossas crianças não estiverem protegidas, serão vítimas da doença. Para que uma criança contraia a pólio, mesmo num país onde a doença é considerada erradicada, e onde a maioria absoluta da população está sendo vacinada, como é o caso do Brasil, basta que ela não tenha tomado a vacina e entre em contato com o vírus que só ataca seres humanos, ou seja, havendo os cuidados de saneamento básico, fica mais difícil do vírus sobreviver, porém, não são essas as nossas realidades no Brasil, no Estado de São Paulo e em Marília. Ao observar a volta da Dengue, que apenas o comportamento humano pode combater o mosquito, e agora ver o que a Gripe está fazendo com a humanidade, passo a temer pela paralisia infantil que também depende da mudança do comportamento humano para ser evitada, seja nas políticas públicas de saneamento como o de vacinação. O primeiro caso, depende dos nossos governantes, mas o segundo não. Um pai ou uma mãe que não leva uma criança para ser vacinada contra a paralisia infantil deveria ser processada na Justiça como ameaça à sociedade como qualquer outro irresponsável é punido na Justiça Criminal, o que não me parece ser uma preocupação das nossas autoridades, que preferem multar e punir quem não tirou um título de eleitor do que um adulto que não protegeu o próprio filho e colocou em risco as demais crianças. É lamentável o ponto que a ignorância humana chega. Sem contar os problemas que uma criança com paralisia infantil provoca na sociedade, além os dela próprio. Daí o pai ou mãe aparece com cara de piedade e boa parte da sociedade fica com pena da família. Concordo com o ato de solidariedade com a criança, mas defendo que o pai ou a mãe deveriam ser punidos por não terem se preocupados com o próprio filho, pois as campanhas de vacinação são amplas, gratuitas e estão cada vez mais próximos dos mais ameaçados. Penso que chegará o dia que a campanha terá que ser em porta em porta. Mas para isso o vírus terá que voltar a ser um problema. Hoje é apenas uma ameaça, mas como dizem: é preciso que o mal aconteça para que providências sejam tomadas. Quando é que aprenderemos que a prevenção tem menos custo financeiro e logístico? Será preciso mais crianças morrerem ou serem vítimas da paralisia infantil para que a sociedade desperte? Enquanto que o problema não for seu, não se faz algo. Aliás, o que o amigo leitor ou leitora fez para que a campanha atingisse os 100% das crianças? Só levou para vacinar as próprias crianças? Acha que isso é o suficiente? É melhor do que nada, mas ainda não resolve. É preciso levar as próprias crianças e fazer com que outras sejam vacinadas também, senão os conceitos de fraternidade, conscientização social, humanidade, dentre outros, terão que ser revistos.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Trabalhar em equipe chega a ser antiético

Assisti com atenção a entrevista do tricampeão mundial de Fórmula 1, o brasileiro Nelson Piquet, em defesa do filho, que foi o pivô do banimento do chefe da equipe dele, na época, Flávio Briatore, do automobilismo mundial. Recordo-me da batida no ano passado, mas sendo um carro de fórmula 1, naturalmente espera-se sempre algo destruidor. A preocupação sempre é se o piloto sofreu algum ferimento fatal ou não. Talvez todos os telespectadores até gostem de ver batidas, trombadas e quebras dos carros. Coisas que são anormais. Natural do ser humano, pois, o que é anormal sempre chama e chamará a atenção, até o fim dos tempos. Considero o comentarista Reginaldo Leme, com quem tive o prazer de viajar junto muitas vezes quando ele acompanhava o futebol nos anos 80, um dos melhores e maiores especialistas do mundo, no que se refere automobilismo. Inclusive, ele é sobrinho de um ex-técnico de futebol, o folclórico João Avelino, aqui da cidade de São José do Rio Preto. A entrevista, conduzida por ele, foi muito fraca. Ficou nítido para mim, que Nelson Piquet, que nunca gostou de entrevistas, convidou Reginaldo Leme, que “dizem”, foi o primeiro a denunciar a trama de Briatore envolvendo Piquet Filho. Percebi que o tricampeão Nelson Piquet quis demonstrar que foi ele quem fez a denúncia e não o filho, inocentando o jovem piloto do que acontecera. Talvez tenha ficado pior, pois, se o menino aceitou e cumpriu, passa a ser parte envolvida. No entanto, sendo subordinado à Briatore, ele foi “obrigado” a fazer a manobra do acidente. Considero essa obrigação correta. Não entendo muito a questão de denunciar isso, depois que o dispensaram da equipe Renault. Já assistimos comportamentos semelhantes. Um manda e outro obedece, ainda mais esporte da F-1. Barrichelo foi o campeão da submissão. Não tenho dúvidas de que se ele enfrentasse esse poder hierárquico, já teria sido campeão mundial, mais de uma vez. Ele é um excelente piloto. Mas, também, aceitou ordem do chefão e teve a carreira rifada. Senna e Prost fizeram isso mais de uma vez. O próprio Schumaker fez isso de forma até mais vergonhosa. Hamilton fez recentemente uma barberagem proposital, de olho no campeonato. E o Alonso, então? Fez coisas parecidas. Isto quer dizer que: na competição acontecem coisas estranhas, que a meu ver é o trabalho de equipe, ou seja, quando se trabalha em equipe atitudes antiéticas são possíveis? Não podem ser desta maneira. Acompanhando o esporte por muitos anos, quando tive oportunidade de trabalhar na Rádio e TV Bandeirantes, Rádio e TV Record e Rádio e TV Gazeta, todas de São Paulo, vi coisas que me fizeram desacreditar em esporte profissional. Os resultados são maqueados, sempre que houver necessidade e que a maioria será beneficiada. No futebol, por exemplo, isto acontece, porém, muitas vezes o combinado dá errado, e daí a gente observa alguns absurdos em finais de título brasileiro ou estadual. Futebol não tem lógica e daí o combinado nem sempre dá certo. Conheço pessoalmente o Nelson Piquet Filho. Quando eu acompanhava a performance do piloto mariliense João Barion Neto, nas pistas de Kart, vi esse garoto filho de um tricampeão subir em muitos pódiuns, sempre de forma educada, pois é uma pessoa super educada, mas que foi obrigado a obedecer o chefão Briatore, o que qualquer um de nós faria da mesma forma, como campeões mundiais já fizeram e muitos farão. Não é esta a observação que faço da entrevista. O que me chamou a atenção foi ver um pai, super correto em sua carreira, não aceitar esse tipo de situação, sendo campeão três vezes nunca aceitou e sempre peitou os chefões, e percebeu a situação ridícula do filho que tem um grande potencial para o automobilismo. Pai nenhum agüenta isso, sem fazer nada. Piquet pai e Piquet filho não viveram juntos. Senti um pai desesperado em ajudar o filho, e promover um depoimento no Fantástico querendo ajudar o filho de alguma maneira, pois a palavra dele pesa no automobilismo mundial, como pesou. Espero que este episódio venha a unir pai e filho, como sempre deveria ser independente do que aconteceu com a família. Nada justifica a distância de um pai com o filho. Como disse a um grande empresário de Bauru, que me ligou estarrecido com a entrevista de domingo: Quem admira o tricampeão Piquet, continue admirando, pois, a entrevista foi o desespero de um pai, querendo que o filho tenha outra oportunidade. Que o filho cometeu um erro (que muitos cometem) e que aprendeu a lição: que no esporte é preciso ser mais do que campeão, e que muitas vezes, ao pensar na equipe agimos de forma antiética. Constantemente a vida nos dá sinais estranhos que custamos a entender, e que no final dá tudo certo. Como diz o ditado: No final dá tudo certo. Se não der, é porque não chegou o final. Espero que Piquet pai e Piquet Filho estejam mais unidos, pois essa união vai nos trazer um super campeão de Fórmula 1. A tendência é que os filhos sejam melhores que os pais. Se forem bem preparados, todos com certeza serão.