segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Porque sou rotariano?



No mês de fevereiro o Rotary International, sempre no dia 23, completa aniversário. Nos atuais 108 anos de existência a reflexão que quero provocar é no sentido de que os rotarianos pensem porque fazem parte desta organização internacional, e os não rotarianos pensem os motivos de não fazerem parte. Diante do principio de que todas as pessoas se sentem bem em ajudar as outras, porque não fazer parte de uma instituição séria que nos ensina a ajudar? Não conheço nenhuma pessoa que não sinta prazer em auxiliar o próximo, seja qual for a ação. Qualquer ação que beneficie o outro nos faz bem. Então porque não fazer isso de forma organizada, freqüente e cada vez mais intensa?

Quando fui convidado para fazer parte do Rotary International, admito que nada sabia sobre esta organização. Na qualidade de jornalista, passei a pesquisar, a ler livros, artigos e reportagens e aos poucos fui percebendo que pessoas muito mais capazes do que eu, utilizam o Rotary International para benefício próprio. Notei que milionários, autoridades, celebridades e até os anônimos, todos se beneficiavam do Rotary International. Então pensei?! Porque não eu? E foi assim que passei a usar o Rotary para o meu bem estar. Comecei a sentir, ver e perceber o prazer em praticar Rotary nas pequenas ações. Notei que minha visão sobre a humanidade e principalmente o interesse em fazer um mundo melhor foi ficando cada vez mais apurado. Passei a enxergar as pessoas como instrumentos de qualidade de vida. Bastasse que eu as convencessem de que era possível viver melhor.

Quando cito a questão de aproveitar do Rotary, é porque acredito no ditado que diz: “mais se beneficia quem melhor serve”. Não existe preço em ver o que um gesto simples que eu faça, pode colaborar por um mundo melhor. É impagável ver uma pessoa sendo beneficiada por uma ação em que eu ajudei a fazer. Não tenho como agradecer as pessoas que são beneficiadas por programas e projetos em que eu tive envolvimento. Aprendi que sozinho eu não sou capaz de mudar absolutamente nada neste Mundo. Eu com todo o potencial que tenho, não represento nada perto do que a humanidade necessita para ser melhor. Então como eu devo fazer para ajudar?

Foi pensando em como ajudar sem ter dinheiro, sem ter propriedades, bens ou até mesmo o “poder material”, que freqüento o Rotary. Como eu poderia ajudar as pessoas, diante de minhas limitações? Foi ai que aprendi. Ao fazer parte de uma organização, ela me ensinará a organizar meus potencias, as minhas qualidades como pessoa e minhas ações fortalecerão o conjunto. Assim sendo, o Rotary como uma organização humanitária, me ensina a ser organizado para ajudar aos outros, sem a necessidade de dinheiro, bens ou qualquer outro tipo de poder superior. O poder que aprendi a ter é o da influência, da articulação e de ter amigos. Tendo isso, sou capaz de ajudar os outros e ser o maior beneficiado disso tudo, e sentir o verdadeiro valor de fraternidade, de companheirismo, de trabalho em equipe, de liderar líderes.

Nunca me esqueço de uma conversa que tive com um motorista de taxi em Goiânia (GO), quando estive lá participando de um evento rotário. Ele queria saber o que é o Rotary, e conversando com ele percebi que ele era mais rotariano do que eu, afinal, ele ajudava mais pessoas e sabia os nomes de cada uma delas, enquanto que eu ajudo as pessoas, através do Rotary, e não sei os nomes dos beneficiados das ações que participo. Uma diferença que pode parecer simples, mas que muda na visão de alguns que observam apenas o ato de ajudar, e não as conseqüências da ajuda. Muitas pessoas são rotarianas e não sabem, e muitos rotarianos ajudam, e muito, a humanidade e não sabem.

Praticar Rotary não é pra qualquer um. Tanto que muitas pessoas passaram pelo Rotary e por alguma razão não permaneceram. Algo de anormal aconteceu, pois, não acredito que uma pessoa de bem que queira ajudar a humanidade não se identifique com o Rotary International. Talvez falte para esta pessoa enxergar que a humanidade que nos referimos está mais próxima do que se imagina, pois, o bem que faço para a humanidade através do Rotary, meus filhos, netos e pessoas que amo, serão beneficiadas, daí a importância de eu fazer parte de uma instituição gigantesca e estruturada que me ensina a ajudar os outros, o que certamente, sozinho eu não saberia fazer, mesmo se fosse milionário, pois, dar dinheiro não é a solução para os problemas do mundo. No Rotary não se faz assistencialismo, beneficências, caridade e muito menos filantropia. Trabalhamos a dignidade, a ética e a sustentabilidade das ações.

Os rotarianos comemoram a data lembrando da fundação da organização, de seu fundador Paul Harris, e como fazer para continuar o trabalho de assistência ao próximo. Os não rotarianos passam a data muitas vezes sem saber que unidos, organizados e estruturados seremos mais fortes para termos um mundo melhor. O Rotary já mostrou que isto é possível, por inúmeras vezes e a história mostra isso. As ações do Rotary são fatos inquestionáveis.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A banalização dos bailes


A cada baile que participo me convenço de que todo baile é igual, todas as personagens são iguais, conjuntos musicais semelhantes, repertório de músicas equivalentes e o modelo de organização parecido. O que muda, talvez, é a ornamentação. Ouso dizer que até mesmo o cardápio tem muitos detalhes copiados. Enfim, não consigo enxergar diferença entre um baile ou outro. Estive na semana passada no baile carnavalesco da Bagunça do Circo, e percebi diferenças interessantes em se tratando de um baile carnavalesco com um público diferenciado.

Já percebi, seja em formatura, casamentos, aniversários “solenes”, e eventos de grande exibição, de que o pessoal envolvido diretamente investe em roupas e demais preparativos, utilizando-se de muitas horas na preparação com detalhes que muitas vezes passam despercebidos. Início do evento sempre tudo lindo, tranqüilo e agradável. Num determinado momento, atingimos a parte da refeição que sempre causa certo tumulto, principalmente com as filas intermináveis em que temos que ficar em pé com o prato vazio na mão esperando a nossa vez, mas depois disso é tudo igual... vira tumulto, desorganização e momentos de pura exaltação. Penso que seja nesse momento que o baile se torna banalizado, afinal, homens e mulheres que chegaram todos “engomadinhos”, passam por uma transformação total a ponto de homens ficarem só de calças e as mulheres todas desmanchadas, derretidas, bagunçadas: irreconhecíveis de tão horrorosas. Seria a bebida a culpada? A grande intensidade de felicidade que se explode sem saber como e quando?

Nesse momento mistura-se todo e qualquer tipo de ritmo musical, num volume incompreensível, com qualquer tipo de manifestação física diferente de dança. É nesse ponto que acredito no fato de que os “bailes de salão”, deixaram de ter valor e o verdadeiro significado. Se toda e qualquer festa termina em “Carnaval”, ou então em “bailão”, ou então em “tecnodance”, onde está a força de um baile característico? Até os famosos Bailes do Havai, dos Anos Dourados, das Debutantes, ou qualquer outro que tenha um tema...??!!! se tudo vira festa com qualquer ritmo, qualquer melodia, qualquer conjunto musical, qualquer motivo, para que ter o baile disso ou daquilo? Realmente faz sentido os clubes sociais não conseguirem atrair pessoas para bailes tradicionais, pois tudo acaba em “Carnaval”. Este baile ficou banal.

O Baile da Bagunça do Circo se fortalece por combater tudo isso, ou seja, se mantém firme aos princípios do baile em si. Estive no baile quando era no salão do Marília Tênis Clube e estive no Golden Palace. Mantiveram as características temáticas e melhoraram a recepção e principalmente a segurança. Essa é a força deste baile, pois, em momento algum ouvi outro tipo de música a não ser carnavalesca, e não aché, sertanejo, clássicos ou qualquer outro tipo. O pouco que tocaram fora do ritmo das tradicionais marchinhas inocentes, percebeu-se nitidamente o esvaziamento das pessoas no centro do salão. Até mesmo com a apresentação de uma escola de samba da cidade, ficou claro que o desejo da maioria era o saudosismo e as marchinhas.

Sempre quando vou a um baile desses em que tudo vira nada, digo que até o momento da refeição é possível aproveitar para conversar, rever amigos, matar a saudade com pessoas distantes, ouvir e ver o que as pessoas falam e mostram e ter momentos agradáveis. Depois do jantar resume-se em barulho, escuridão, desorganização e demonstração de comportamentos pessoais nada normais, convidativos para que nos recolhemos para casa, com dor de cabeça, de ouvido e muitas vezes com fome. Lamento que o tempo até a “sessão desmanche” seja pouco. Poderíamos criar uma situação para estender mais este período e diminuir o “desmanche”. Venho notando que a “sessão descarrego”, tem conseguido mais espaço nos eventos a ponto, inclusive, de distribuírem “badulaques” que não consigo entender pra que?

Talvez o peso de quase meio século de vida esteja me fazendo ver a coisa desse ângulo, mas não posso deixar de registrar o ambiente gostoso proporcionado pelo pessoal da Chácara O Circo, que promove este evento há anos e a cada edição tem ficado melhor. Realmente foi um autêntico Baile de Carnaval, com fantasias, blocos carnavalescos, pessoas de maior idade, sem álcool, sem confusão, puro momento de muita saudade. Naturalmente os jovens não gostam e nem lá estiveram para notar a diferença.

Da mesma forma que passei a freqüentar o Carnaval de Rua, com os desfiles em escolas de samba, passarei a freqüentar o Baile do Circo, mas da próxima vez irei fantasiado, pois, fiquei frustrado de não ter brincado a noite toda num típico e verdadeiro baile de Carnaval, com a mulher que amo, sem a sessão desmanche ou descarrego. Parabéns aos organizadores que não deixam a tradição acabar e que revitalizam os sonhos dos mais antigos em relembrar tempos que não voltam mais, mas que neste tipo de baile promovido pela Chácara O Circo nos remete a momentos prazeirosos. 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Um passo para frente e dois para trás


Fiquei muito decepcionado com as escolhas dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Confesso que após o julgamento do “Mensalão”, passei a acreditar na possibilidade de um perfil melhor para os políticos do nosso País. Cheguei acompanhar, sem muita atenção, mas vendo e ouvindo, as sessões intermináveis e os debates acalorados que o assunto proporcionava. Gostei da performance de uns, fiquei triste com o comportamento de outros e assustado com a forma de agir de determinados ministros. Aliás, tenho este costume de assistir este tipo de programação, para acompanhar o comportamento dos “artistas”, tanto do aspecto intelectual como de atitude.

As escolhas para os dois parlamentos mais importantes do Poder Legislativo foram desastrosas. Não entro no mérito pessoal, mas sim, do passado de ambos que são muito comprometedores o que me leva a crer que não houve a mudança que sonhei. Sei que estas situações são articuladas, negociadas e muito dialogada entre os líderes, mas ficou nítido para mim um acordo generalizado, um pagamento de favores e o que é pior: com cartas marcadas. Como posso passar a acreditar nos políticos? Imaginei que estivéssemos num período de metamorfose e as personagens políticas estivessem melhorando, tanto no perfil físico como moral. Pessoas novas, ideias diferentes, comportamentos mais adequados e tudo mais. Juro que cheguei a acreditar nisso.

Quando vejo e ouço esse tipo de retrocesso, fico desanimado, pois, já percebi que as mudanças necessárias para que tenhamos um mundo melhor passa pela “esfera política partidária”, e com comportamentos deste modo, não tem como acreditar em mudanças para melhor. Em minhas atividades profissionais e pessoais passei a enxergar de que é preciso se envolver com a política partidária para ajudar a promover mudanças, pois, sem este envolvimento as propostas ficam somente no discurso, e de blá...blá...blá... acho que todos nós já nos cansamos. Está na hora de agir, e rápido. Do contrário a próxima geração vai padecer como a minha geração está padecendo de comportamentos mais éticos, mais coerentes e princípios morais entre os políticos.

Assistindo um dos vários noticiários que acompanho e me chama a atenção um ministro japonês se matando porque desviou dinheiro; um ministro inglês preso porque mentiu há 10 anos por causa de uma multa de trânsito; um chefe da CIA demitido porque traiu a esposa e tantos outros exemplos no exterior inimagináveis no Brasil. Fico assustado em ver quantas diferenças de princípios, caráter, comportamento e cultura temos por aqui. Talvez eu não seja testemunha de brasileiros mais conscientes nas escolhas dos políticos que são os verdadeiros agentes de mudanças amplas, sendo melhores e mais preparados para mudar. Sou a favor sim, do voto distrital, da mudança na Lei Eleitoral e principalmente em mais exigências técnicas, moral e didática aos postulantes aos cargos eletivos.

Pior é que este cenário existente em Brasília não é diferente nas cidades. Quantas notícias de prefeitos eleitos cassados de forma antecipada, de vereadores desviando milhões de reais, de eleições ainda sendo analisadas pelo Supremo Tribunal Federal, são publicadas diariamente? Vejo que as necessidades de mudanças começam próximos de nós, para quando estiverem longe, sejam desejadas e atingíveis, porque da forma como estão sendo apresentadas, passamos a ser descrente de que seja possível existir político honesto, político de comportamento coerente, de político assumindo erros e acertos, de político ser um bem e não um mal. Quero acreditar nisso, mas está difícil.

Admito que não sei onde colocar parâmetros, mas tenho aprendido muito em como não agir, diante do exemplo deles. Pena que não temos “paredões” semanais, em que o povo pudesse tirar políticos na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal, baseado no comportamento deles. Os “paredões” que temos para tirar os políticos, são de quatro em quatro anos, e talvez o intervalo seja muito grande, mas certamente a imprensa de uma maneira geral tem colaborado com isso, através das denúncias publicadas, que dia a dia chegam mais próximo de pessoas que se acham inatingíveis, mas pelo que parece todo político em destaque um dia acaba desmascarado. Será que vale a pena?

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O massacre de Santa Maria

Calma. Não se assuste. O acontecimento em Santa Maria com a morte de mais de 230 pessoas, e a tendência é que os números aumentem nos próximos dias, na minha opinião, não é um acidente tão pouco uma fatalidade. Nos dias de hoje em que o conhecimento, a cultura e os comportamentos são considerados mais evoluídos e estão sempre melhorando na forma de crescimento e desenvolvimento humanos, as falhas cometidas na boate, no meu modo de ver, eram esperadas e tudo aconteceria numa questão de dias. Tá certo que as proporções foram exageradas, mas aconteceriam cedo ou tarde.

Não vejo diferença entre os acontecimentos nos EUA em que mais de um maluco armado mataram dezenas de pessoas. Isto é considerado pela mídia como massacre. Massacre é quando existe carnificina, matança, esmagamento. Uma vez sem o cumprimento de tantas regras de segurança, o que aconteceu em Santa Maria não pode ser classificado como acidente, pois, não foi casual, e sim esperado quando se mistura fogo e material inflamável sem os equipamentos de segurança. Esta estória chama a atenção, em razão da quantidade de mortes, pois, não é a primeira vez que alguém morre por causa da insegurança em boates.

Sempre comparo que um acidente de avião chama mais atenção da sociedade do que os acidentes de carro. Quando cai um avião, e são poucas as vezes que isso acontece, centenas de pessoas morrem no mesmo momento causando comoção, enquanto que milhares de pessoas morrem em acidentes de trânsito diariamente, tornando-se normal, casual, rotineiro. Não devemos nos acostumar com isso. Morte é morte em qualquer circunstância e deve promover uma reflexão profunda nas pessoas, com o fim de uma vida, seja ela qual for. É preciso haver sentido e significado na vida. Quando um ser humano morre é preciso rever conceitos, e é isso que tenho feito com este fato, lamentável, em Santa Maria.

Como posso preservar as pessoas que amo e que estão ao meu redor e a mim mesmo, num caso deste? Quando eu for num restaurante, num evento grandioso ou até mesmo em casas de show, passarei a prestar atenção neste sentido. De como é feito o ambiente em que estarei ou um de meus familiares estará? O local onde vamos é seguro no meu ponto de vista? Passo a desconfiar do Poder Público de uma maneira geral, pois, quando vejo um determinado Corpo de Bombeiros inseguro quanto a informação do alvará neste caso de Santa Maria, uma determinada Prefeitura empurrando o caso, ou até os donos, engenheiros e funcionários da boate com informações desencontradas, chego a conclusão de que não posso confiar, portanto, quem deve tomar a decisão sou eu. Pelo menos em mim.

Poderei ser antipático, mas da mesma forma que tomo os meus cuidados quando viajo de carro (depois de sofrer um grave acidente), passarei a tomar mais cuidado para onde vou. Pode ser que eu deixe de freqüentar alguns lugares, mas procurarei fazer isso de um modo que eu não seja inconveniente, mas o exemplo de Santa Maria me leva a crer que é possível evitar de ir, ou de estar, em locais que não inspiram confiança. Passarei a ser seletivo e muito mais observador, pois, como diz um amigo meu do Corpo de Bombeiros, não existe meia segurança. Ou tem ou não tem.

Passarei isso aos meus filhos, esposa e familiares, mas admito que será algo complicado, mas acredito que se cada um de nós não fizer a parte que nos cabe, esses gananciosos continuarão agindo e colocando as pessoas em risco, e matando números incontáveis de vida. Precisamos criar um conceito sobre as conseqüências. Um ônibus, um carro, um trem, um prédio, uma casa, ou até mesmo uma pessoa suspeita, algo que me ameace... qualquer fato que venha a me proporcionar medo, é sinal de que o perigo existe. Sentir medo é bom. Sinal de que o “bom senso” está ligado. Não é covardia, e sim prudência. É a limitação da capacidade. Isso é ótimo, e se passarmos a respeitar este dom divino, seremos mais seguros, e certamente viveremos mais e melhor, correndo menos riscos calculáveis.

Que as vidas dessas pessoas do massacre de Santa Maria não tenham sido em vão. Vamos pensar, refletir, conversar com outras pessoas sobre o que aconteceu, mas não procurando culpados (esse é o trabalho da Justiça), e sim buscando alternativas de como prever o que aconteceu e evitar. Eu já comecei e algumas pessoas já perceberam isso. Não tem como medir o sofrimento das famílias que perderam pessoas queridas neste acontecimento, mas existe a chance de pararmos de ver a morte como algo banal. Nenhuma morte deve ser vista como normal e sim como uma colaboração daquela pessoa para que a humanidade seja mais ética com a própria espécie, pois, não deixa de ser uma clemência e compaixão com o outro, morrer e deixar uma lição.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A mentira de pernas compridas e braços curtos

Fiquei surpreso com o comportamento de Lance Armstrong, em entrevista na TV, admitir o uso de doping por sete anos, quando foi campeão por sete vezes, como ciclista, da volta da França. A surpresa não é tanta pelo comportamento humano, afinal, reconhecer o erro só pode ser humano. Minha surpresa é ver como uma mentira durou tanto tempo assim. Sempre ouvi dizer que mentiras tinham pernas curtas, mas o campeão de araque Lance Armstrong, provou e comprovou, que o tamanho “dessas pernas”, são complexos.

Como que uma pessoa, na posição que ocupou, sendo chamado de “Herói” pelo exemplo de superação no combate contra o câncer, da fundação que criou para ajudar os outros e pelo exemplo de que o esporte é alternativa saudável para homens e mulheres de qualquer idade, chega neste ponto vergonhoso como ser humano? Como que alguém pode mentir “sozinho” por tanto tempo assim? Para mim tem algo de errado nessa história e acredito que futuramente descobriremos mais detalhes, pois, não consigo aceitar que utilizar substâncias proibidas durante sete anos; trocar de sangue durante sete anos; adquirir produtos modernos de doping durante sete anos... alguém consiga fazer isso sozinho?

Pior ainda é fazer isso e enfrentar as pessoas no dia a dia com a maior naturalidade. Participar de campanhas, movimentos e ações humanitárias, com o status de “herói”, e posar para inúmeras reportagens, entrevistas e ser visto como modelo, exemplo e admiração de centenas de milhares de pessoas, e depois admitir com um simples “sim”, de que usou substâncias proibidas para atingir o máximo da forma física nas competições que disputou, durante sete anos? Fiquei com cara de “banana”, pra não dizer outra palavra, vendo o cidadão sendo entrevistado e admitir que ele se dopou para ser campeão, depois de sete anos e por sete anos fez tudo isso? Não acredito que ele fez sozinho.

Dizem que mentira tem pernas curtas. Talvez porque as conseqüências dela atingem as pessoas mais próximas, numa “curta” distância. Não quero imaginar o que os familiares desse Lance Armstrong vão passar nos próximos anos. O que deve passar na cabeça de um pai, de uma mãe, dos filhos e das pessoas que o amam, assistindo este comportamento vergonhoso? Percebo que o tamanho das pernas da mentira são curtas pelas conseqüências, pois são compridas quanto ao tempo, afinal, são inúmeros os casos de mentiras que são descobertas com 5, 10, 15, 20, 30, 40 e até 50 anos depois. Nestes casos a mentira teve pernas compridas e ligeiras, para se manter por tanto tempo.

Refaço meu conceito concluindo que ao afirmar que mentira poderia ter pernas curtas, pois, são as pessoas em nossa volta que sofrerão as maiores conseqüências, e que as “pernas” da mentira passam a ser compridas de acordo com o tempo de duração delas. Nossos políticos brasileiros são hábeis neste sentido, pois, quantas foram as vezes que se descobriu escândalos e mais escândalos anos depois. Imagino que muita coisa irá surgir nos próximos anos, e aos poucos estão surgindo.

Mas esse caso do ciclista é curioso, porque eu acredito que muita gente deve se envolver com ele por negócios, oportunidades e até por ter sido considerado o semideus. Será que essas pessoas não sabiam ou desconfiavam? Só ele deve ser punido? O fato de estarem com ele, perceberem e não dizerem nada não as tornam cúmplices ou até mesmo sócios na mentira? Acho que a mentira passa a ter pernas e braços, ou seja, as pessoas beneficiadas com a mentira sendo coniventes, pagariam por ela também, afinal a enganação foi generalizada.

Para a minha pequena Laura e o fortão Murilo, ensinarei sempre que mentira tem pernas compridas e braços curtos, ou seja, ela pode durar muito (pernas), mas afetará todas as pessoas que estão próximas de você (braços). Talvez desta forma meus filhos poderão formar no caráter deles, de forma mais enfática, de que mentira não é aceitável nunca. A sensação que as pessoas tem é de raiva por terem sido enganadas. Nem sei pronunciar o nome desse cara, muito menos sei qualquer coisa a mais dele, mas me senti um otário vendo a entrevista dele, com a maior cara de pau, admitir que a vida dele é uma farsa, mas que milhares de pessoas acreditavam nele em vários sentidos. Nada mudou de prático em minha vida, mas meus conceitos se fortaleceram com o exemplo dele, que deve estar se corroendo sem poder olhar para os filhos ou ter o carinho da família, pois, são os que mais estão sofrendo com a mentira dele. Os amigos sumirão e em breve ele também.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O Mundo com bom humor

Está comprovado para mim de que o Mundo será melhor se tivermos bom humor em todas as nossas situações. Sei que isto não é fácil, dependendo do caso, mas em tudo é possível ver com um olhar mais descontraído, afinal, tudo nesta vida se transforma, e porque não transformar em algo agradável? Digo isso, porque percebi que as pessoas com bom humor são mais agradáveis, chegam mais rápido em soluções complexas e sempre conseguem promover uma conspiração generalizada em que tudo acaba dando certo de forma rápida.

Já li reportagens sobre o assunto e já entrevistei pessoas que superaram problemas graves, através do bom humor. Acredito que a vida é maior e melhor, quando a gente sorri mais, ri mais e principalmente procura se relacionar com as pessoas com educação e bom humor. Talvez o problema seja a forma de humor que escolhemos, que muitas vezes pode não agradar. Alguns confundem um tipo de humor como desprezo, sarcástico, ironia, gozação e até descaso. Pode acontecer de uma pessoa ser mal interpretada, e diante do humor tido como diferente, ser motivo de discussão e tudo mais.

Tenho feito um exercício mental que estou considerando interessante. Sempre quando vou responder algo, ou fazer uma pergunta, tento me lembrar se é possível fazer com bom humor. Das vezes que lembro e faço o teste, tem dado certo. A reação das pessoas tem sido mais agradável e a conversa passa a fluir melhor. É como se o humor desmontasse qualquer barreira ou qualquer dificuldade de interpretação. Mas não são em todas as situações a possibilidade de fazer isso, mas quando dá, tenho feito e dado certo, daí o questionamento que faço se não é possível nos basearmos no bom humor em tudo que por ventura vamos fazer ou falar.

A vida, por si só, não é fácil e durante o dia somos vítimas de pequenas ciladas, armadilhas e encruzilhadas que nem sempre encontramos a alternativa mais correta. Já notei, que mesmo quando erramos neste sentido, o bom humor consegue ajeitar a situação de uma forma mais favorável e o problema passa a ser resolvido de uma maneira menos traumático ou doloroso. Talvez ao buscarmos justificativas naquilo que acontece conosco, dentro do caminho do bom humor, seja uma fórmula interessante de se buscar soluções mais compreensíveis. O humor é um meio positivo de se conseguir um mundo melhor, porém, saiba diferenciá-lo de engraçado, divertido, extrovertido e brincalhão. Isto pode ser considerado irresponsável por algumas pessoas.

O bom humor que me refiro é aquilo que é dito de forma agradável. Não é preciso vir seguido de piadas, comparações, sons, gestos e tudo mais. Basta falar de uma forma sorridente, desprovido de rancor, sem maldade, braveza, ou sendo tétrico ou num tom professoral. Seria a linguagem do coração, que muitas vezes pode vir seguido de erros de concordância, mas qualquer um é capaz de entender, quando se está com o coração e a mente abertos e em sintonia. A comunicação é uma ciência, mas a prática ainda depende da emoção e do aspecto sentimental. Muitas vezes é possível ser sincero, verdadeiro, franco e dizer o que é preciso ser dito, mas com ternura, com serenidade e amor nas palavras.

Já observei desentendimento em que as pessoas falavam a mesma ideia, mas em tons diferentes, formas diferentes, utilizando palavras duras, amargas e de duplo sentido. Confusão na certa. Daí a necessidade de saber o que se fala e como se fala. Utilizar as palavras corretas, e ainda com bom humor, é uma arte que somente aqueles que detém conhecimento e prática de leitura, situações pra poucos, é que se consegue, pois muitas vezes temos as palavras a disposição, mas nos esquecemos do bom humor. Assim sendo, vamos praticar fazendo, porque desta maneira passaremos a fazer com naturalidade e divertido com o passar do tempo.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Obesidade: a auto estima elevada


Estive com a família em uma das praias do litoral norte paulista. Lugar bonito, bem agradável e ótimo para a nossa pequena Laura se divertir com segurança. Confesso que não sou muito simpático a praia. Tenho dificuldades em compreender como: sal, areia e calor podem ser agradáveis, em convívio com a família. Mas para o bem do relacionamento familiar anualmente faço este sacrifício, mas na verdade passo a utilizar esses dias de “caiçara” como sendo um momento de ficar a vontade com minhas idéias e meu corpo. Sem horário, sem compromisso e sem ter que dar satisfação.
No entanto, entre uma leitura aqui e outra ali, fico observando o comportamento das pessoas, pois, gosto de ver comportamentos, posturas, relacionamentos interpessoais e coisas do gênero social. Pude notar das vezes que fui até a praia que o comportamento do brasileiro mudou muito e principalmente o perfil físico. Verifico que o formato dos brasileiros está cada vez mais oval, para não dizer arredondado. Não percebi nenhuma preocupação com isso. Ao contrário. Homens e mulheres de todas as idades se relacionamento muitíssimo bem com os corpos obesos, desfilando maiôs decotados e cada vez mais fragmentados. Muito menos qualquer tipo de preocupação com cicatrizes, manchas, verrugas, modelitos de banho, combinações ou cuidados especiais que deveríamos existir ao estarmos com tão pouca roupa.
Não pensem que fiquei assustado ou até mesmo surpreso. Fiquei admirado em ver que a auto estima do pessoal está elevada e a preocupação maior era de se divertir e estar a vontade. Não notei qualquer tipo de pudor desta ou daquela pessoa. Senti um ambiente de igualdade em que as diferenças raciais, econômicas e sociais são niveladas ao mesmo patamar quando se está numa praia. Todos comem qualquer coisa, de qualquer jeito a qualquer hora. Todos ficam a vontade para falar, beber e fazer o que quiserem. Risadas aos montes e bem altas, gestos dos mais diversos e principalmente as posições nas cadeiras de deixar qualquer contorcionista de raiva por ver que qualquer um pode sentar ou deitar de muitas formas.
Fiquei feliz de ver um povo desprovido de qualquer vaidade, aproveitar o local. Brincar, pular, nadar e até não fazer nada. Homens e mulheres de todas as idades passeavam de qualquer maneira. Naturalmente se percebe aqueles com fino trato dos objetos ou dos modos de se apresentar, mas foram poucos os que percebi que a ostentação era mais importante, ou que ser daquele jeito, para essas pessoas era normal. Infelizmente neste universo de “bem estar” a beleza não conta muito. As pessoas se nivelaram no mediano, ou seja, todos redondos. Nem muito magros e nem muito gordos. Foram poucos os corpos atléticos e bem cuidados. Reduzido o número de metrossexual ou das “garotas de Ipanema”.
Conclui então que praia é local, na minha visão, de ficar a vontade, afinal, você dificilmente voltará aquele local, verá aquelas pessoas e pouco se importará com o que vai acontecer naquela praia, porque sua passagem é apenas nas férias, e deste modo as preocupações com a saúde continuada, em todos os sentidos, são secundárias uma vez que o prazer é a prioridade e, talvez, um excelente remédio contra o estresse, a monotonia, as pressões de se comportar e vestir-se bem e tudo mais. Praia é para todos, indistintamente, apesar da saudade que tive dos meus 20 anos, quando eu observava uma beleza física, e não uma beleza moral, ou espiritual, ou social. Acho que todos nós evoluímos.