segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A Caminhada para o bem-estar

Sempre tive dificuldades em praticar qualquer tipo de esporte. Não que eu não admira, mas por não colocar a atividade física como uma de minhas prioridades. Meu cardiologista sempre exigiu isso de mim, bem como percebi meu peso elevar-se e já sinto que não posso mais remediar. Ao descobrir que serei pai novamente e agora depois dos 40 anos de idade, conclui que se quiser acompanhar o crescimento deste filho que nascerá, terei que estar bem fisicamente. Só por essa razão já sinto disposição, porém, fiquei envergonhado de ser obrigado a me exercitar por esse motivo. Eu deveria ter esta consciência antes deste novo fato. Ao acordar de madrugada, horário que percebi ser o melhor possível em meu dia a dia, arquitetei um plano com relógios, roupas adequadas, cronômetros e desenvolvi um planejamento do percurso urbano. Caminho agora 40 minutos diariamente no bairro onde moro. Saio cedinho, e com o horário de verão, muitas vezes antes do sol começar a iluminar. Confesso que é muito complicado, mas percebo que meu corpo, além de gostar ele faz este tipo de exigência. Comecei então a procurar outros motivos para poder incluir este tipo de programação dentro dos meus afazeres cotidianos. Já descobri técnicas novas de caminhar e tenho diminuído meu tempo a cada dia. Penso, inclusive em aumentar a distância em um novo percurso. O que tem me chamado a atenção hoje em dia não é o fato de caminhar e sim como será a caminhada. Em pouco tempo já identifiquei cinco tipo de pássaros existentes no bairro que me deparo diariamente; já sei onde os gatos dormem e quais os cachorros que existem no meu trajeto; veículos estão estacionados sempre nos mesmos locais, bem como as mesmas pessoas acordam naquele período e fazem coisas automáticas, como eu. Alunos, profissionais liberais, ou até mesmo os funcionários, também se levantam cedo. Como aqueles que levam os filhos para a escola e vão e voltam para casa ainda com cara de sono. Em breve será minha vez. Hoje sinto falta disso. Os dias que não vou caminhar, seja por causa da chuva ou por culpa do relógio (essa é a melhor desculpa para não sair da cama), fico imaginando como foi o dia desse pessoal sem mim, pois, considero-me parte integrante deste processo de iniciação do dia, porque não me sinto diferente deles, em esperar que tudo isso aconteça automaticamente. Ao caminhar, fico esperando ver todos os tipos de pássaro, os gatos, os cachorros, as pessoas que limpam as frentes das casas ou levam o lixo para a Rua, os carros saindo das garagens e os empregados caminhando para o serviço. Quero acreditar que as mesmas pessoas que vejo, me vêem e esperam que eu passe por ali naquela manhã. Descobri com isso a força que existe na frase: Bom Dia. Ao dizer isso cinco ou seis vezes logo no começo do dia, sinto que realmente meu dia será bom. Tornei-me dependente deste cumprimento que sempre achei um chavão filosófico de bons costumes, e que hoje sinto na prática como é importante e a força que tem. Mentalmente passo a dizer bom dia, ao longo da minha caminhada aos pássaros, aos gatos, aos cachorros e especialmente as pessoas, que neste caso é verbal. É como se eu caminhasse para isso: desejar e receber um Bom Dia. Foi então que percebi que este meu exercício não é apenas físico e mental: é também espiritual. Não sei dizer quantos gramas eu perdi nesta caminhada, mas posso garantir o quanto eu ganho ao caminhar todos os dias, na esperança de que minha vida será longa, pois, o que mais quero neste momento é ter saúde para longos anos de prazer com minha família. Cada passo que dou é por mim e pelos outros, e cada satisfação que tenho, acredito compartilhar isso com outras pessoas e mais futuramente com mais pessoas, estando pessoalmente ao lado das que amo sendo saudável, feliz e realizado em ter aprendido mais uma lição que somente a vida oferece às pessoas que buscam conhecimento em tudo que lhe é oferecido. Hoje o exercício que faço é planejar a minha vida aos 50, 60, 70, 80, 90 e depois dos 100 anos de idade, pois caminhar tornou-se uma necessidade e vício espiritual. Minha caminha é para meu centenário.

2 comentários:

  1. Prezado Márcio, boa tarde!

    Amei o seu artigo, principalmente quando você descobre e relata que esse exercício matinal não é só físico e mental, é também espiritual. Esse é o aspecto mais importante na vida de um “pai aos 40 anos”, estar de bem com a vida. Ver a vida com um olhar sensível, solidário, curioso, que valoriza as pequenas coisas, os pequenos gestos. Ensine isso ao seu filho e, claro, não se esqueça de jogar bola, nadar, tomar banho de mangueira, andar de bicicleta...
    Um forte abraço

    Lúcia Helena Chiurato
    Diretora da Fundação Bradesco

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  2. Que lindo !!!
    Também saio distribuindo "bons dias" e, confesso, às vezes me enrosco numa conversa que tem que ser interrompida por mim, por causa do relógio. As pessoas não estão acostumadas a este tipo de atenção e acabam querendo mais.
    ... mas você não cumprimenta em voz alta os pássaros, os cães e gatos, as plantas... por quê ? medo do que os outros possam pensar ? pois eu vou cumprimentando todos e já fiz boas amizades caninas, que vêm felizes me dar "bom dia" durante o meu percurso prá o trabalho. Experimente! o máximo que vão pensar é que você está cada vez mais de bem com a vida. Beijão. Parabéns ! Deborah

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