terça-feira, 26 de maio de 2009

Minhas lembranças "escaneadas"

Assisti esta semana na Fundação Eurípides, no Curso Técnico de Designer Gráfico, uma apresentação extraordinária sobre a arte de uma mariliense, que está famosa no mundo todo com a seqüência da obra “Escaneandome”, tendo oportunidade de apresentá-la em exposições na Espanha, Itália, Estados Unidos, Canadá, no Brasil e outros países. Luciana Crepaldi é a pessoa iluminada que dá mais um exemplo de que a perseverança aliada com a sensibilidade, juntas com o prazer de fazer algo diferente, é quem assina este trabalho fantástico. O mais legal é que ela é mariliense e vem sendo respeitada em diversas partes do mundo, sem o conhecimento digno da cidade em que nasceu. Também confirmando o ditado de que “santo de casa não faz milagres”. Admito que admiração por obras e peças de artes é difícil para mim. Apesar de eu ser uma pessoa observadora e detalhista, reconheço que me falta sensibilidade nesta área artística. Fico horas olhando uma obra para descobrir o que se passou na cabeça do artista em criar aquela peça. Muitas vezes não consigo chegar a uma conclusão. Costumo dizer que a obra e o artista devem sempre estar juntos. Um explica e o outro mostra. Assim sendo, todas as vezes que consigo conversar com o artista sobre a obra criada, passo a admirar ambos de forma instantânea. Foi assim com a Luciana Crepaldi. Conheço Luciana dos tempos de ginásio. Estudamos mais de 10 anos juntos. Fizemos parte dos mesmos grupos de amigos e a família dela sempre teve envolvimento com a minha e crescemos juntos na melhor fase de nossas vidas. Naturalmente o destino nos separou, como nos distanciou dos demais amigos em comum. Mesmo com as andanças dela pela Bahia e projetos que não deram certo, certa vez em 2000 numa exposição de arte no Centro de Cultura do Banco Itaú, em São Paulo, encontrei com ela neste evento. Acreditem: era a primeira exposição dela com a obra Escaneandome, em que tive a oportunidade de ser um dos primeiros a admirar, e nem sabia que a obra era dela, apesar da semelhança do nome da artista, até então. Não acredito em coincidências. Naquele dia almoçamos juntos e colocamos a conversa quase que em dia, apesar de ser o começo da carreira dela como artista naquela exposição. Sinceramente: não entendi muito a obra dela, e diga-se, assustou-me em razão de ser um trabalho diferente, vindo de uma pessoa que vi crescer. Mas tudo bem. Não me considero bom o suficiente neste tipo de admiração de arte. O tempo passou e li uma entrevista da Luciana num dos jornais de Marília sobre o trabalho dela que estava despontando. Passei a saber um pouco mais das andanças dela, mas pouco sobre a obra. Foi quando fiz uma pesquisa na Internet, motivado por uma entrevista que assisti dela na TV, e vi o potencial desta moça. Fiquei maravilhado em ver a qualidade da obra, a coragem de inovar e o que me encanta nas pessoas: o pioneirismo. Cheguei a pensar que se tratava de outra Luciana Crepaldi e não aquela amiga minha de infância. O trabalho desta mulher era de se admirar. O tempo fez que nos encontrássemos em Marília, certa vez quando ela veio cuidar da mãe, Dona Lourdes, que não se encontrava bem de saúde. Conversamos um tempo e atualizamos nossos contatos. Foi quando ela convidou-me para assistir esta apresentação. Dentro da proposta dela, “escaneei” minhas lembranças neste encontro, ao ouvi-la na palestra. Jamais imaginaria que aquela Luciana Crepaldi que viveu a minha mocidade seria capaz de se tornar este potencial na arte. (Arte do que mesmo? Nem sei dizer...). Mas a obra que ela criou é admirada mundialmente. Aos assistir a apresentação, Luciana Crepaldi mostrou-me e para dezenas de alunos do curso técnico, detalhes de como chegou a perfeição com a produção de imagens “escaneadas” do próprio corpo e as ligações que fez com a emoção que sentia naquele momento. Ela conseguiu “escanear” as emoções, ou seja, digitalizou o sentimento que naquele minstante estava sentindo. Isso é possível, como se fosse uma fotografia, porém, mais trabalhada, mais produzida e mais ainda: digitalizada antes mesmo das máquinas digitais em que os sites de relacionamentos vulgarizaram. Luciana conseguiu fazer de um escâner (equipamento) a ferramenta e o elo entre o imaginário, a emoção e o registro do momento. Ao explicar detalhes de suas obras, principalmente num filme de excelente edição e qualidade, passei a enxergar um outro papel do trabalho que ela desenvolve. Ela conseguiu me fazer ver coisas que não tinham explicação para mim, bem como observar a importância que a arte que ela criou, junto ao universo social. Palavras bem colocadas, detalhes bem explicados, imagens e sons perfeitos e o mais importante para mim: prazer. Luciana Crepaldi transmitiu prazer no que faz. Ela mostra na fala, no gesto, no olhar, no conteúdo o quanto ela curtiu fazer esse trabalho que virou arte, que virou obra, que virou marca. O texto que ela distribuiu aos alunos mostra nitidamente como as oportunidades que teve apareceram no sentido exato da palavra, de forma natural, confirmando para mim de que o nosso prazer flui naturalmente quando estamos empenhando o mais puro prazer no que fazemos. Quando fazemos com prazer as coisas boas acontecem. Fiquei orgulhoso de ver uma menina que se transformou em mulher, de uma conhecida minha que se tornou personalidade internacional. Ganhou prêmios e é requisitada internacionalmente. Fiquei muito feliz em ver que o esforço dela valeu a pena e que ela tem o reconhecimento da comunidade artística e que mais uma vez a vida nos mostrou que é possível acreditar nos nossos sonhos e que sonhos tornam-se realidade, sempre quando fazemos o que gostamos e curtimos. Se a vida é uma curtição como dizem alguns, que façamos isso com prazer. Durante pouco mais de duas obras, “escaneei” minhas lembranças e digitalizei meus conhecimentos artísticos. O meu orgulho e respeito pelo trabalho desta moça é semelhante a satisfação de ver o sucesso de uma pessoa que gostamos, afinal é preciso reconhecer o quanto as pessoas são valiosas em nossas vidas, e o sucesso delas é o nosso também. A felicidade que percebi no que ela apresentava, foi a minha também. Os olhos de sinais de admiração e respeito que vi da mãe dela, presente na apresentação, deixaram-me recompensado. Obrigado Luciana Crepaldi, filha da cidade de Marília, em brilhar em vários continentes, levando o sentimento mariliense consigo. Quem quiser conhecer o trabalho dela, com mais detalhes, acesse: WWW.lucianacrepaldi.com e vejam se eu não tenho razão.

3 comentários:

  1. Boa Noite !!!!
    Marcio, realmente é uma artista com dom divino. E Mariliense com muito sucesso em todo o mundo. Belos trabalhos.
    Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo, só depende da nossa vontade e perseverança (Einstein)
    Este trabalho me fez lembrar esta frase
    Um abraço
    Nino

    ResponderExcluir
  2. Muito legal ! Eu fico bastante contente em ver pessoas que marcaram a minha vida, prosperando num outro momento. Deve ser o mesmo que você sentiu ao reencontrar uma amiga de infância, agora uma artista internacional e com um trabalho tão diferente, tão interessante. Esses reencontros iluminam a vida da gente.
    Beijão!
    Deborah

    ResponderExcluir
  3. Querido Márcio
    Que lindo este teu texto!! adorei
    Só te conto uma coisa...
    Existem artes que é necessário ter "conhecimentos" p compreende-las.
    E existem as que penetram e alimentam a nossa essência somente por sermos seres sensíveis e observadores.
    Estas artes nos traz força e lindas emoçoes, e são elas que mais importância tem nas nossas vidas.
    "nossa memória guarda tudo aquilo que penetra com emoçao"

    Muito obrigada por tua maravilhosa sensibilidade.
    um grande beijo
    luciana crepaldi

    ResponderExcluir

Seja responsável por suas colocações.