quarta-feira, 13 de maio de 2009

O exemplo está perto e em casa

Tenho observado uma discussão interessante sobre como fazer os jovens entenderem bons comportamentos. Ouço psicólogos, professores, estudiosos e demais entendidos no assunto, dizendo que os jovens estão cada vez mais autônomos, independentes e auto suficientes. Vejo até, comentários de que a modernidade fez um novo comportamento educacional. De que a comunicação entre pais e filhos agora é mais simples, fácil e instantâneo. Será? Penso que os choques de gerações sempre existirão, em virtude de que cada um é formado de experiências diferentes. Será que o ideal não é aprender a essência e verificar qual a melhor forma de transmitir os ensinamentos, sem fórmulas mágicas? Pois bem. Neste último dia das mães assisti uma cena que me fez refletir. No almoço de domingo, comemorando o Dia das Mães, meu cunhado soltou uma daquelas pérolas, que somente ele é capaz de fazer. Por ser cunhado e ainda uma pessoa muito querida, prestei atenção e concordei. Ele disse: “Hoje vejo como o meu pai foi bonzinho comigo. Queria que ele tivesse sido mais bravo e duro”. Um homem com mais de 50 anos de idade falar algo assim, é para fazer qualquer um refletir os motivos que levam uma pessoa a chegar a esse ponto de lamentação. Não que ele seja uma pessoa com personalidade defeituosa, ou que o pai dele tenha sido um santo e conivente com todos os comportamentos inadequado que ele tivera. Meu cunhado é do tipo linha dura. Esbraveja sempre e de forma rústica sempre mostra o que pensa e se faz entender pelos barulhos que um bom descendente de italiano calabrês é digno. Mesmo com dificuldades em encontrar as palavras corretas, ele se faz entender pelas atitudes e pela razão que sempre é conclusiva e admitida por todos. No entanto, a forma de comunicação que ele utiliza dá margens para interpretações dúbias. Mas ele é uma pessoa correta, admirável e querida. O pai dele foi um homem correto, admirável e muito querido. Vejo que meu cunhado aprendeu a lição. Mas será que está sabendo transmitir o que aprendeu aos filhos com média de 15 a 20 anos de idade? Assisto freqüentemente a dificuldade que ele tem, mas consegue se fazer entender, no final. Quando ele fez o comentário sobre o pai, imaginei que ele estivesse querendo dizer que o pai dele foi tão duro com ele nos ensinamentos, que ele teria como pai, ser duro com os filhos e não consegue. Conheci o pai dele e realmente ele era do estilo linha dura, como todo o pai da geração dele foi. Imagino que meu pai seria assim, se não tivesse falecido tão precocemente. Talvez eu seja igual ao meu cunhado, pois somos de geração semelhante apesar dos oito anos de diferença que temos, mesmo eu ainda não ter atingido os 50 anos de idade. O que conclui é que a forma de educar e transmitir ensinamentos tem tudo a ver com a geração em que fazemos parte, pois, naturalmente os tempos sempre serão outros e bem diferentes. Feliz é aquele que consegue acompanhar a modernização e encontrar uma forma de comunicação adequada para transmitir o conhecimento que detém. Fato raro. Verifiquei que o desejo de meu cunhado foi o de mostrar aos filhos, que estavam presentes neste almoço de domingo, que ele na condição de pai é mole, de fácil persuasão e que se fosse com o pai dele seria bem diferença e muito mais difícil. O desejo dele era dizer aos filhos que ele faz o que pode para ser compreendido, apesar de ter aprendido de forma diferente. Puro conflito simples de quem tem conhecimento e quer repassar para o outro, mas não sabe de que forma. Emissor e receptor procurando uma linguagem da mensagem. Muita gente explica isso, mas é complicado numa relação entre pais e filhos. A conclusão que eu cheguei é que a comunicação não verbal ainda é a melhor maneira de comunicação entre as pessoas. Nossos filhos precisam ver o que os pais fazem, tendo discernimento para escolherem o caminho que melhor lhe convém, dentro da história de vida que cada um de nós construímos. Por isso que os pais devem se preocupar com a formação desta história de vida. Bons exemplos, bons ensinamentos. É preciso fazer com que os jovens saibam refletir e pensar, ao invés de serem alienados a situações apenas prazerosas. Jovens que pensam e analisam serão líderes. Jovens que fazem só o que é bom, num determinado momento, serão liderados de forma pacífica ou se tornarão contestadores incompreendidos. O valor do aconselhamento é preciso ser destacado, pois, ninguém manda em ninguém, muito menos pais sobre os filhos. Meu cunhado deu uma ótima lição aos filhos e aos adultos, principalmente aqueles que estão disponíveis a aprender. Este exemplo serviu para que eu confirmasse que a admiração pelo outro provém do comportamento, e que o ditado: faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço, mais uma vez confirma ser uma péssima afirmação. É preciso fazer o que se fala e faz. Somos avaliados pelo que fazemos e não pelo que pensamos ou falamos. Você é o que você faz. Saber transmitir conhecimento por atitudes ainda é a melhor maneira de fazer o outro aprender. Nossos ídolos são criados desta maneira: pelo comportamento. #

Um comentário:

  1. Márcio,lidar com adolescência está sendo meu maior desafio nesses últimos anos. Se der algo errado, sei que fiz todo o possí­vel para que desse certo. Acho que não me arrependerei de nada. Fico até confortável quanto a isso. Se não seguirem o caminho do bem eles mesmo sofrerão, afinal escolhemos nosso destino, porém sei que se algo der errado acabarei sofrendo por ser sangue do meu sngue. É complicado!!!!!O desafio vai continuar......

    Sandra Craveiro

    ResponderExcluir

Seja responsável por suas colocações.