segunda-feira, 1 de junho de 2009

É Copa do Brasil ou no Brasil?

Acompanhei com muita atenção os comentários dos meus colegas cronistas esportivos depois do anúncio das 12 cidades brasileiras que participarão da Copa do Mundo. Durante 18 anos vivi neste meio e tenho uma opinião bem particular sobre essa idéia de ser sede de uma Copa do Mundo. Quero iniciar dizendo que sou favorável, porém, não consigo imaginar um País cinco vezes campeão do mundo não ser capaz de sediar um evento deste em que somos os campeões com maior freqüência. A última vez que o nosso continente sediou um evento desta importância foi em 1978, e pelo que sei foi uma Copa do Mundo fraquíssima em todos os sentidos e com outros propósitos. De lá para cá muita coisa mudou, inclusive o nível do futebol mundial. Considerei a escolha da FIFA interessante e procurei ver em vários aspectos: o político, o econômico, o turístico, o de marketing, e principalmente o da técnica futebolística. Cidades como: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, eram esperadas por mim nas escolhas. Diria que essas cidades teriam até condições de serem duas vezes sedes de chaves na Copa do Mundo, ou seja, poderiam ser oito sedes com toda a infraestrutura exigida. Seriam canalizados investimentos públicos e privados com maior efeito social do que cidades como: Manaus, Brasília, Cuiabá, Natal e Fortaleza, que além de não terem condições físicas e sociais de serem sede de Copa do Mundo, dificilmente aproveitarão da forma como devem, os efeitos do investimento necessário na Copa após o evento. As cidades de Salvador, Recife e Curitiba estão em ascensão futebolísticas e, além disso, são centros urbanos intermediários para sediarem eventos deste porte e aproveitarão os investimentos em todos os sentidos. Das 12 cidades escolhidas tive a oportunidade de conhecer os estádios de todas elas quando estive trabalhando pela Rádio Record ou pela Rádio Bandeirantes como cronista esportivo, e posso dizer sem medo de errar que são poucas as que estão 70% em condições de serem sede de uma Copa do Mundo. Entendo perfeitamente que cidades como: Manaus, Natal, Cuiabá e Fortaleza tiveram tendências turísticas para serem escolhidas: Floresta Amazônica, Pantanal e praias, são os principais símbolos do marketing turístico explorado pelo País no exterior. Penso que isso deva ser usado sim para um evento em que são esperados 14 bilhões de expectadores que acompanharão a Copa do Mundo em todo o planeta. A escolha de Brasília a meu ver é por questão política-partidária mesmo. Até entendo a necessidade, mas vejo que o Estádio do Serra Dourada, em Goiânia, Goiás, está entre os melhores do Mundo, não devendo nada para Morumbi ou Maracanã, ou até mesmo Arena da Baixada (Curitiba). Esta perda será sentida, por jogo político, desnecessário no ponto de vista futebolístico, uma vez que é dito que no futebol não exista credo, raça e bandeira partidária. Concordo com Salvador, Recife e principalmente Curitiba, pois estão com times e torcidas fortes em todos os campeonatos existentes é mais do que merecidos, porém, com estádios vergonhosos, que deixam de ser critérios importantes, pois novos serão construídos. No entanto, serão bem utilizados no futuro, diferente de: Manaus, Natal, Cuiabá e Fortaleza. A Copa do Mundo no Brasil é uma necessidade de ambos os lados. Nosso País precisa mostrar a mesma competência nas quatro linhas, na área empresarial e organizacional. Dizem que o Campeonato Brasileiro é o melhor do mundo, vamos ter a chance de mostrar. Dizem que somos cinco vezes campeões do mundo por competência no futebol em geral, teremos condições de mostrar isso. A qualidade do perfil do jogador de futebol se mistura com a do brasileiro, e vamos ter condições de mostrar isso, também. Assim sendo, vejo como inevitável sediar uma Copa do Mundo. Pior: ainda com o compromisso de ser campeão, em casa. Ou alguém duvida desta cobrança? O que me deixa mais entusiasmado com tudo isso é que vamos dar um salto em todos os sentidos na cartolagem. A questão do ingresso, da acomodação da imprensa, torcida, convidados e times de futebol nos estádios. A necessidade da manutenção destas obras faraônicas e mais: parar de falar que brasileiro sabe jogar futebol porque joga as “peladas” em campinhos de péssima qualidade. De 2014 em diante, muitos paradigmas serão quebrados e uma nova versão de futebol entrará para a história. Deixaremos de ser amadores em todos os sentidos, para sermos profissionais da bola. O Brasil passará a figurar no primeiro nível do futebol mundial, tendo que mostrar competência nesta Copa: na organização, na profissionalização, na qualidade das praças esportivas e no nível do atleta. E ser campeão novamente. Tenho esperança que esses bilhões de reais que serão investidos não se desviem do foco principal: transformar esta grande nação de chuteiras, em sapatos de cromo. Pela primeira vez, desde 1950, teremos a oportunidade de mostrar ao Mundo que saímos da promessa e somos uma realidade. É a oportunidade que temos de dizer que faremos parte do primeiro mundo, e não mais um País em Desenvolvimento. Que o mundo enxergue o Brasil, mesmo com todos os nossos defeitos. Mas que pelo menos sejamos vistos e que mude a visão que o Mundo tem do Brasil e dos brasileiros. Quando haverá outra oportunidade como esta? Que os brasileiros saibam aproveitar a chances.

Um comentário:

  1. Amém ! que aproveitemos as chances, então !
    Beijo,
    Deborah

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