terça-feira, 30 de junho de 2009

O que aprendi com Michael Jackson

Tenho certeza que as pessoas da geração dos anos 60, como eu, ouviram milhares de vezes as músicas que serão eternizadas de Michael Jackson. Da mesma forma que o mundo se assustou e se encontra assustado com a morte deste ícone da música internacional, ainda estou estarrecido pelo que tenho visto e ouvido. Quando fui operador de áudio de uma emissora de rádio em Marília foram muitas as vezes que eu colocava as músicas de Michael Jackson para atender pedidos, bem como para curtir. Nos programas que eu apresentava o cantor liderava as preferências. Não tem como esquecê-lo. Mas não foi por isso que Michael Jackson marcou minha vida. Com a morte dele são inúmeros os programas de TV que mostram com riqueza de detalhes a vida do artista. São várias as reportagens especiais mostrando como ele foi e como morreu. É neste momento que a gente observa como uma pessoa do nível de Michael Jackson era infeliz. Nos últimos dias passamos a ver a transformação que ele promoveu no próprio corpo e na vida, e os altos e baixos numa carreira artística invejável. Passei a refletir nos últimos dias como uma pessoa pode chegar na condição que ele chegou tendo tudo e não tendo nada. A dança, os arranjos musicais, o cabelo, a maquiagem, a forma de falar, e principalmente as roupas que usava nos shows e fora deles. Michael Jackson chamava a atenção no visual num primeiro momento, depois pela música que compunha e produzia, e naturalmente pelos escândalos que protagonizou. Tudo na vida dele chamava a atenção. Será que uma pessoa consegue sobreviver a tudo isso? Porque as pessoas procuram chamar a atenção de qualquer forma? De que forma você, caro leitor, chama atenção dos outros? Devo dizer, que o desejo de chamar a atenção, parece-me natural em qualquer pessoa, pois sempre queremos a atenção e fazer com que as pessoas percebam a nossa existência. Na verdade tenho uma tristeza muito grande quando vejo e ouço sobre a vida de Michael Jackson. O exemplo que ele deixa, no meu ponto de vista, é de que devemos tomar muito cuidado com a exposição. Procuremos fazer tudo bem feito, mas sem exagero. O que adiantou o sacrifício que ele teve ao longo da vida, brigando com irmãos, pai, e tendo uma vida isolada? O que ele queria ao se transformar numa pessoa nada original? Fico imaginando o que ele sofreu para chegar onde chegou, e não ter valido a pena. Sempre que vejo uma pessoa com um penteado estranho, uma tatuagem diferente, um piercing visível, uma argola na orelha ou no nariz, ao conversar com esta pessoa, ela em determinado momento diz que é tímida. Como assim? Tímida? Volto a questão da exposição exagerada. Ouvi Michael Jackson dizer que era tímido. É estranho imaginar uma pessoa como ele se achar tímida. Talvez tenhamos que tomar um cuidado especial com pessoas deste gênero, pois mostram e falam o que não são, e daí todo o discurso de Michael Jackson, a meu ver, cai em descrédito e não consigo acreditar na inocência dele em todos os escândalos e passo a duvidar, até mesmo, do que ele fala sobre a vida que teve. De qualquer forma Michael Jackson foi um exemplo para mim, de como não devo agir. Gosto da obra musical que ele proporciona para a humanidade, mas não concordo com as escolhas que ele fez. Admiro a obra, mas não o autor. E neste instante passo a verificar que todas as pessoas que atingem o status que Michael Jackson atingiu, são pessoas estranhas, de famílias dilaceradas, de comportamentos duvidosos, e de exemplo de pessoas que conseguiram a riqueza e a pobreza nos mesmos níveis. Será que esta é a sina dos “fora de séries”? Pode ser que sim, pois, toda a genialidade que uma pessoa é capaz de agüentar, ainda é muito para saber equilibrar-se. Talvez seja uma escolha: ser gênio ou ser medíocre (sem relevo; comum, ordinário, vulgar, mediano, meão)? Mas a conclusão melhor que cheguei, foi de ver que faltou a ele boas companhias. Tenho certeza que se ele tivesse boas pessoas ao lado, ele seria uma pessoa melhor. Se ele tivesse pessoas do bem, dando bons conselhos, ele erraria menos. Se ele tivesse sido amado pelo que é e não pelo que tinha e representava, com certeza, a vida dele seria melhor. Assim sendo, ele confirma para mim, que as companhias são tudo na vida de gênios e medíocres. Vovó já tinha razão: diga-me com quem tu andas, que lhe direi quem és... Michael Jackson me convence na obra, mas não no que fez, falou e tentou passar.

2 comentários:

  1. Já reparou que todos, depois que morrem, tornam-se pessoas boas, mártires e coisas do tipo ? Penso que é nossa educação cristã que nos redime, no leito de morte, de quaisquer atitudes menos nobres durante a vida. Tem seu lado bom: todos nós vamos "para o céu". Só que eu prefiro viver o céu agora, antes de desencarnar ! e, certamente, faço isso com minhas escolhas - inclusive das pessoas que escolho prá conviver. Sua vovó tem razão !
    Vale pontuar, ainda, que "timidez" nada mais é do que "orgulho disfarçado". Então, pensa bem: o discurso desses 'falsos tímidos' pode ser verdadeiro, se você levar em conta que eles procuram o outro extremo - jamais uma aparência medíocre ! mas sim algo que choque, que intimide, que afronte os outros. Capiche ?? Beijão extravagante.
    Deborah

    ResponderExcluir
  2. Interesante o seu ponto de vista no artigo sobre Michael Jackson.
    Vc foi muito etico ao escrever carissimo colega.
    Como profissional foi grande,mas como homem deixou a desejar....
    Um otimo trabalho
    Ligiane Ciola

    ResponderExcluir

Seja responsável por suas colocações.