terça-feira, 15 de setembro de 2009

Pensei que não fosse possível, mas é

Impressionante como todos nós custamos a acreditar em algo que nos é falado da boca para fora. Sempre ouvi dizer que em determinados países a conscientização no trânsito era diferente no Brasil. Sabe aquelas histórias de que o brasileiro é o pior motorista do mundo e que os estrangeiros é que são maravilhosos? Pois bem. Estive recentemente na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, e tive a oportunidade de testemunhar algo surpreendente: motorista de carro brasileiro com consciência e educação no trânsito. Isto quer dizer que eu pensava que não fosse possível ver isso, e acabei vendo e participando do fato.A cidade de Gramado é encantadora. Nada é parecido com qualquer cidade paulista. A arquitetura é diferente, o clima é especial, as ruas e calçadas devidamente planejadas, lojas encantadoras, flores.... muitas flores.... e em todos os lugares... realmente é uma cidade nada brasileira. Dois detalhes que me chamaram muita atenção: semáforos e fios elétricos suspensos. Simplesmente não existem. A Avenida principal, chamada de Borges de Medeiros, é a mais longa, a mais larga e a que reúne os principais estabelecimentos comerciais. Toda nivelada, sem um semáforo e todos os fios (elétricos e de telefonia) embutidos.Pode parece coisa de arquiteto, ou urbanista maluco, mas realmente a impressão é outra sem aquela teia de fios em todos os postes de Rua. A impressão que se dá, aqui no Estado de São Paulo, é que tendo poste é para pendurar fios. Seja qual for: cordas, fios elétricos, telefonia, TV a cabo, iluminação e por ai vai. Em Gramado o poste tem somente lâmpadas. Todos eles são padronizados, e ainda de uma forma que a arquitetura da Rua absorva de forma natural, sendo imperceptível na visão do cidadão.Uma cidade em que o turismo é o principal produto do município, taxi e carros especiais de transporte são muito comuns transitarem para lá e para cá. Existe até um restaurante que oferece uma “limusine” para buscar os clientes e levá-los de volta. Diante de tanto carro, imagina-se que qualquer cabeça de bagre é o motorista. Engano. Os que eu tive oportunidade de conhecer, eram todos bem educados, solícitos e sempre demonstrando interesse em ajudar e auxiliar no que fosse preciso. Uma simpatia a toda prova.Numa das corridas entre o local do evento que fui e o hotel, peguei um taxi e conversava com o motorista durante o trajeto. Enrolei, até perguntar: “Esta cidade não tem semáforo?”, para minha surpresa o rapaz respondeu: “Não”. Curioso que eu estava, indaguei: “Porque não?”. Pacientemente o motorista, sem se irritar e sem olhar com aquele pensamento que me acusara de imbecil, respondeu: “Aqui a gente acredita que povo educado não precisa de semáforo”. Não foi preciso me dizer mais nada. Entendi perfeitamente a mensagem e parabenizei não só ele pelo comportamento, mas a forma dele pensar.Realmente em Gramado (em Porto Alegre também percebi isso), quando o pedestre pisa na Rua ou Avenida, o motorista reduz ou pára o veículo. A velocidade não é exagerada e existe tempo para tudo, sem a necessidade de buzinar ou gritar. Fiquei impressionado com o comportamento e a forma de pensar neste sentido daquelas pessoas, pois já assisti em São Paulo e até mesmo na cidade de Marília, cenas bárbaras de pura selvageria.Ainda não acreditando que havia percebido isso, pensei que fosse algo de minha imaginação e ainda contaminado com o entusiasmo e ansiedade que me acompanham em todas as viagens que faço. Ao encontrar Liza, minha esposa e amada, ela faz o mesmo tipo de comentário que o meu, mas antes que eu pudesse lhe contar a experiência que presenciei. Se eu que sou um “búfalo”, percebi isso, imagine Liza, que mais parece uma “borboleta”. Conclui que o comportamento do motorista é comum naquela cidade e região, o que me faz crer que seja possível um dia enxergar isso nos motoristas paulistas.Para aqueles que ficaram pensando o que eu fazia sozinho no Taxi? Respondo de imediato: Enquanto eu participa do evento, Liza foi conhecer todas as lojas da cidade, e para minha surpresa não comprou quase nada. Pensei que isso não fosse possível, mas é.

3 comentários:

  1. Então... passei por experiência semelhante há quase 10 anos atrás, numa visita a Porto Alegre, minha cidade do coração. Sentindo-me completamente à vontade numa cidade em que só conhecia por sonho, parei no meio-fio da calçada esperando passar o carro que se aproximava. Pois o motorista também parou (esperando que eu atravessasse). E ficamos os dois assim, por instantes... até que eu sorri, agradeci e NÃO ACREDITEI na boa educação desses motoristas gaúchos. Fiquei tão encantada com isso. Mas a partir daí, esnobei minha posição de pedestre: só olhava de relance o automóvel se aproximando e atravessava sossegadamente as ruas portoalegrenses... Tinha que aproveitar desse privilégio !
    Agora, pensando bem: quase dez anos ?! acho que está na hora de eu voltar lá, né ?
    Beijo. Deborah.

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  2. Estimado Companheiro

    Recebi do Companheiro Márcio Cavalca Medeiros, Presidente do R.C. de Marília Pioneiro, Distrito 4510 - SP, Governador Indicado Gestão 2010/2011, a matéria que fala da cidade de Gramado - RS. Pelo seu conteúdo e pela sua importância, achei por bem encaminhá-la aos Companheiros gaúchos, para que, se acharem oportuno, a encaminhe aos rotarianos daquela cidade, pois, trata-se de um depoimento dado por um Companheiro que é um comunicador; que já foi repórter das TVs Record e Bandeirantes, de São Paulo, com elevada vivência em outras cidades, e que por isso merece credibilidade. Na condição de Gaúcho fiquei lisonjeado pelo que disse a respeito de Gramado, e de uma certa forma, de todos nós Gaúchos.

    Desejo-lhe saúde e paz!
    EGD Hermes Pereira da Silva
    Ano Rotário 2001/2002 - Distrito 4680

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  3. Márcio,

    Gostei do seu artigo. Não só por ser gaúcho de Sapiranga (pertinho de Gramado), mas por razões óbvias de urbanidade, civismo, educação, valorização da cvida e das pessoas, etc.
    Eu tô pensando em repassar para alguns (muitos) de minha lista, entre os quais muitos gaúchos que, como eu, se sentirão orgulhosos de saber que um paulista da gema, teve estas impressões e, principlamente, as escreveu...hehe!! Mas para tanto, peço sua autorização, pois não se impressione se daqui algum tempo você mesmo a venha receber, circulando por este país inteiro, via net.

    Aguardo e abçs.

    Schnorr

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