segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
As mães são mais importantes
Vivo uma experiência extraordinária. Serei pai pela segunda vez aos 43 anos de idade. Posso afirmar que é bem diferente do que ser pai com 20 ou 30 anos. A primeira experiência que eu tive em ser pai, na época estava com 27 anos. Foi maravilhoso, mas vivia uma outra situação e enxergava o mundo com um outro olhar. Hoje, mais tarimbado, reconheço que a experiência que adquiri será benéfica em todos os sentidos. Aos 25 anos de idade qualquer pessoa se considera capaz de mudar o Mundo, enquanto que próximo dos 50, nossas forças e entusiasmos são bem diferentes.
Mas esta gravidez é totalmente diferente da anterior. Primeiro que são com mulheres diferentes, e segundo que a experiência atual se trata de uma fertilização assistida. É a quinta tentativa que eu e Liza (minha amada) estamos vivenciando, e desta vez com pleno sucesso. Desde novembro nossas vidas são bem diferentes, e admito que a partir do momento que eu soube que seria pai novamente, algo muito desejado, esperado, planejado, investido e sonhado, considero-me outra pessoa. Passei a enxergar tudo em minha volta com outras cores, formatos e sentidos.
Pela idade avançada, pelo tratamento realizado e pela quantidade de ansiedade, certamente a gestação é totalmente atípica. Mas o que tem me chamado a atenção é que ao sentir-me grávido percebo a injustiça da natureza em centralizar tudo na mulher. O homem é um mero assistente, provedor e na maioria das vezes o causador de inúmeros problemas. O homem não tem nenhuma participação direta numa gravidez. Não sente dores, incômodos, tonturas, náuseas... não tem que tomar remédios, injeções ou ter que fazer exames periódicos e tudo mais. A função masculina é pura e simplesmente de qualquer ajudante, assistente, assessor, consultor, mensageiro e provedor.
Qualquer ação masculina neste momento não tem valor algum. Não tem reconhecimento, lembrança ou até mesmo consideração. É visto por todos como uma obrigação que não importa a condição financeira, cultural, profissional, social ou até mesmo intelectual do homem, ele tem a obrigação de fazer daquele jeito e pronto. Isso tem me colocado numa situação muito ruim, pois meu sonho era ter um envolvimento maior, uma participação mais efetiva e dividir esses problemas, que muitas vezes para uma mulher pode parecer muito. Nem palpites podemos dar.
Tenho que admitir que a mulher tem um papel muito mais importante numa família, do que a do homem. Ao gerar e parir um ser humano, está sendo o centro das atenções, das valorizações e principalmente de toda e qualquer consideração futura, afinal tanto a criança quanto a mãe não tiveram a oportunidade da escolha e a partir do nascimento a relação tem que ser valiosíssima, pois trata-se de uma amor e de um sentimento gratuito. A figura da mãe tem que ser santificada com razão, pois, passar por todas as dificuldades que a mulher passa durante esses nove meses é preciso ter reconhecimento de toda uma vida. Ao observar a luta que a Liza trava todos os dias, fico imaginando a injustiça que será se o nosso filho um dia destratá-la por qualquer razão.
Neste momento fico imaginando como fui cruel com minha mãe. Quantas dores de cabeça eu causei a ela, sendo que o sofrimento que ela teve para me gerar e parir foram incalculáveis, e não chegam se quer perto do que eu causei. Não há como se desculpar disso tudo, até porque, os erros cometidos são por desconhecimento. Ninguém erra por que quer, e sim por não saber. Mas a reivindicação que faço é para que nós, pais, possamos ser reconhecidos de que o nosso sofrimento solitário e sem reconhecimento social, passe a ser visto de outra maneira, pois ao ver a pessoa que amamos sofrendo, a gente sofre também pelo sentimento de incapacidade. Quando nós homens observamos a sobrecarga de tarefas maternas, sofremos por não termos a habilidade necessária para socorrer. Isto nunca é visto pelas mulheres.
Nós homens neste momento só podemos fazer uma coisa: prover. É tendo no caso, dinheiro para proporcionar conforto, tranqüilidade, segurança, bem estar e principalmente a promoção das melhores possibilidades para que tudo dê certo. Mas dinheiro não é tudo, afinal, na natureza não existe dinheiro, que é uma criação do homem. Nós homens temos que amar... e amar além do que nós somos capazes. Amar na essência, com tolerância, com cumplicidade, com ternura, com delicadeza, com silêncio e até com dúvidas, pois, a mulher, que é um ser imaculado, é capaz de sentir tudo que é de bom para um filho, o mesmo para com o marido, afinal dois se unem para formar outro. A palavra de ordem é: comprometimento.
Quer observar se um casal promove o amor, veja a qualidade dos filhos produzidos por eles. Os filhos nada mais são do que reflexo do sentimento que os pais depositam no dia a dia. Hoje eu entendo que para existir seres humanos adequados, é preciso que haja boa família. E isso não é fácil, pois homens bem forjados é preciso ter famílias bem estruturas e nossa sociedade caminha para um lado contrário.
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Legal Márcio.
ResponderExcluirParabéns pelo artigo e pelo "GRÁVIDO".
Também passei por experiência diferente há alguns meses.
Na terceira gravidez (foi um "acidente"), minha esposa teve pré-eclâmpsia (pressão alta devido a gravidez).
Foram 12 dias de angústia (internada) e depois um parto prematuro aos seis meses e meio de gestação.
O pequeno João ficou 50 dias na UTI, entre incubadora, isolamento...
Deus permitiu que ele sobrevivesse, um verdadeiro milagre.
Está completando oito meses e é uma benção, uma alegria para os outros irmãos (Thiago e Bruna).
Parabéns novamente e que Deus continue abençoando essa gravidez!
Curta bastante!!!
Vale a pena!!!
Há, essa situação toda também viví aos 43 anos!!!
Abs.
Klaus Bernardino
Olá Márcio:-
ResponderExcluirSds. !!!
Sempre me atento a seus artigos escritos, sempre muito realistas,
cotidianos e bem elaborados.
Tomei a liberdade de responder este em particular, pois fiquei emo-
cionada com suas palavras, seu pensamento, sentimento, atuação e
comprometimento como você mesmo diz, nesse novo ciclo tão espe-
cial de sua vida.
Com certeza a chegada de um Filho, principalmente assim desta for-
ma tão esperada, amada, focada, muda toda a nossa vida!!!
No momento em que reconhecemos a concepção, nos faz crer que -
a família é realmente o berço de tudo e desejamos a todo momento /
e vivemos pra que sejam sempre " Homens de bem" !!!!
Tenho 42 anos e tive uma gravidez de risco, meu bebê hoje está com
6 meses, Lindo de Viver...e graças à Deus deu tudo certo !!!! Tenho
também um outro filho de 17 anos do primeiro casamento, imagine a
anciedade que nos causou.
Lhe digo que mesmo nessa falsa impressão de impotência e distância
na participação da gravidez que continue assim, muiiiito ligado na Liza
(sua amada), Hospedeira dessa Semente Maravilhosa e Abençoada ,
desejo a essa Família uma Vida recheada de Paz, Saúde, Alegrias, /
Conquistas e Sonhos Realizados !!!
Com carinho e respeito.
Mércia Abelha
Uau!! Muito bom ver um marido que reconhece tudo isso!
ResponderExcluirPq pra nós mães, principalmente as de primeira viagem que é o meu caso e o da Liza, é tudo muito louco, muito novo e muito emocionante... E eu graças a Deus tive um marido que tb soube dar o devido reconhecimento, amor e acima de tudo PACIÊNCIA!
Pq eu confesso que eu mesma já não estava mais me aguentando no final!!
Chorava todo dia por qq coisa!
O Danilo me acompanhou e filmou TODAS as consultas e exames, só não filmou o parto pq desmaiou, coitado!
Quem filmou foi a enfermeira. rs
Se tiver um tempinho... Dá uma olhada no youtube, tem uma série de pequenos videozinhos de todo o processo até hoje!
http://www.youtube.com/watch?v=b11Mwi3AIEo
http://www.youtube.com/watch?v=IcbZCdfW9fw
http://www.youtube.com/watch?v=sxlp-W57NWE
http://www.youtube.com/watch?v=0qRfKTWYahE
http://www.youtube.com/watch?v=VrpRMgztRRo
Marcio e Liza, meus parabéns pela novidade!!
Sejam muito muito felizes!
Beijos
Camila Cardoso de Almeida
Que lindo texto, Márcio ! parabéns !!! a maturidade não é fantástica ? se a gente perde por um lado, ganha infinitas bênçãos por conseguir enxergar a Vida sob um ângulo mais experiente - o que faz toda a diferença!
ResponderExcluirConcordo com você: "as mães são mais importantes", mas sem essa colaboração do pai, tadinhas delas. Ser um homem com essa consciência do Amor incondicional, que aliás, é atributo feminino, faz de você uma pessoa prá lá de especial. E é por essa e por outras, que eu sou muito feliz em tê-lo como amigo. Ah... olha só: mãe, geralmente, é um bicho masoquista - sofre, mas é feliz! Grande beijo. Deborah.
Simplesmente perfeito.
ResponderExcluirParabéns pela gravidez e pela capacidade de expor tão claramente seus sentimentos.
Felicidades mil.
Danielle Mastelari Levorato
Prezado Márcio,
ResponderExcluirMeu nome é Patrick e sou o responsável pela equipe de tradutores e intérpretes de português aqui na sede do RI, em Evanston.
Sempre recebo os informativos da Cidinha e o seu me chamou muito a atenção.
Primeiramente confesso que foi o fato de sermos da mesma cidade, fui nascido e criado em Marília.
O segundo motivo foi a identificação com seu texto, que não poderia ter sido colocado de maneira melhor.
Ainda não sou pai, e cresci com uma figura paterna muito ausente, porém pretendo sim, levar comigo esta sua mensagem: da importância do comprometimento.
Sua mensagem também me fez refletir e reconhecer ainda mais o trabalho feito por minha mãe (que ainda mora em Marília), na criação de dois filhos. Acredito que hoje, meu irmão e eu refletimos muito bem o nível de amor que por ela nos foi depositado.
Muito obrigado pelas palavras e espero em breve conhecê-lo pessoalmente.
Muito sucesso em sua gestação (com o perdão do trocadilho) e em sua trajetória rotária.
Um grande abraço,
Patrick
Patrick Nunes
Portuguese Team Lead
Language Services Division
ROTARY INTERNATIONAL
One Rotary Center