Estive com a
família em uma das praias do litoral norte paulista. Lugar bonito, bem
agradável e ótimo para a nossa pequena Laura se divertir com segurança.
Confesso que não sou muito simpático a praia. Tenho dificuldades em compreender
como: sal, areia e calor podem ser agradáveis, em convívio com a família. Mas
para o bem do relacionamento familiar anualmente faço este sacrifício, mas na
verdade passo a utilizar esses dias de “caiçara” como sendo um momento de ficar
a vontade com minhas idéias e meu corpo. Sem horário, sem compromisso e sem ter
que dar satisfação.
No entanto,
entre uma leitura aqui e outra ali, fico observando o comportamento das
pessoas, pois, gosto de ver comportamentos, posturas, relacionamentos
interpessoais e coisas do gênero social. Pude notar das vezes que fui até a
praia que o comportamento do brasileiro mudou muito e principalmente o perfil
físico. Verifico que o formato dos brasileiros está cada vez mais oval, para
não dizer arredondado. Não percebi nenhuma preocupação com isso. Ao contrário.
Homens e mulheres de todas as idades se relacionamento muitíssimo bem com os
corpos obesos, desfilando maiôs decotados e cada vez mais fragmentados. Muito
menos qualquer tipo de preocupação com cicatrizes, manchas, verrugas, modelitos
de banho, combinações ou cuidados especiais que deveríamos existir ao estarmos
com tão pouca roupa.
Não pensem
que fiquei assustado ou até mesmo surpreso. Fiquei admirado em ver que a auto
estima do pessoal está elevada e a preocupação maior era de se divertir e estar
a vontade. Não notei qualquer tipo de pudor desta ou daquela pessoa. Senti um
ambiente de igualdade em que as diferenças raciais, econômicas e sociais são
niveladas ao mesmo patamar quando se está numa praia. Todos comem qualquer
coisa, de qualquer jeito a qualquer hora. Todos ficam a vontade para falar,
beber e fazer o que quiserem. Risadas aos montes e bem altas, gestos dos mais
diversos e principalmente as posições nas cadeiras de deixar qualquer
contorcionista de raiva por ver que qualquer um pode sentar ou deitar de muitas
formas.
Fiquei feliz
de ver um povo desprovido de qualquer vaidade, aproveitar o local. Brincar,
pular, nadar e até não fazer nada. Homens e mulheres de todas as idades
passeavam de qualquer maneira. Naturalmente se percebe aqueles com fino trato
dos objetos ou dos modos de se apresentar, mas foram poucos os que percebi que
a ostentação era mais importante, ou que ser daquele jeito, para essas pessoas
era normal. Infelizmente neste universo de “bem estar” a beleza não conta
muito. As pessoas se nivelaram no mediano, ou seja, todos redondos. Nem muito
magros e nem muito gordos. Foram poucos os corpos atléticos e bem cuidados.
Reduzido o número de metrossexual ou das “garotas de Ipanema”.
Conclui então
que praia é local, na minha visão, de ficar a vontade, afinal, você
dificilmente voltará aquele local, verá aquelas pessoas e pouco se importará
com o que vai acontecer naquela praia, porque sua passagem é apenas nas férias,
e deste modo as preocupações com a saúde continuada, em todos os sentidos, são
secundárias uma vez que o prazer é a prioridade e, talvez, um excelente remédio
contra o estresse, a monotonia, as pressões de se comportar e vestir-se bem e
tudo mais. Praia é para todos, indistintamente, apesar da saudade que tive dos
meus 20 anos, quando eu observava uma beleza física, e não uma beleza moral, ou
espiritual, ou social. Acho que todos nós evoluímos.
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