segunda-feira, 20 de abril de 2009

O exemplo das torcidas organizadas

Consegui neste final de semana assistir as duas partidas das semifinais do Campeonato Paulista pela televisão. Não foi surpresa, para mim, as classificações de Santos e Corinthians, que coincidentemente não disputam campeonatos paralelos como a Taça Libertadores da América, exceto o Santos que disputa a Copa do Brasil, sendo um torneio de nível menor do que o sulamericano. Talvez esta questão deva ser refletida pelos especialistas, porém, o que chamou a minha atenção foram os comportamentos das quatro torcidas organizadas que surpreenderam a todos, principalmente aquelas que tiveram os times desclassificados da final paulista. Por quase 20 anos atuei como cronista esportivo e sempre observei a preocupação com a violência nos estádio. Cheguei a fazer coberturas jornalísticas horríveis de quebra-quebra antes, durante e depois das partidas de futebol nos estádios da capital, de Campinas, Bragança Paulista e no Rio de Janeiro. Foram poucas as vezes que registrei mortes, porém, fui testemunha de muita agressão, violência e destruição de boa parte dos estádios destas cidades. Cheguei a acompanhar muitos confrontos entre torcedores dos mais diversos com a Polícia Militar. Tiros, fogos, pancadaria, prisões e linchamentos eram freqüentes. No entanto, neste final de semana, assisti palmeirenses e sãopaulinos se comportarem como torcidas de primeiro mundo. É de se estranhar, no Brasil, ver a torcida derrotada aplaudir o time que não conseguiu prosseguir no campeonato. Isso precisa ter um destaque na mídia, principalmente, para tentar equilibrar as tantas manchetes de que estádios de futebol são violentos, inseguros e verdadeiras praças de guerra. A mídia deve, e faz, menção sempre que a violência acontece. Deve, e nem sempre faz, menção de quando a torcida se comporta de forma surpreendente como aconteceu neste final de semana, por duas vezes. Talvez se somente num dos jogos isso acontecesse, seria um caso insignificante, porém, foram em dois jogos seguidos entre times que tiveram algumas de suas torcidas organizadas banidas dos estádios, que são os casos da Mancha Verde e Torcida Independente, sinônimos de selvageria. No sábado o Palmeiras perdeu para o Santos e a torcia alviverde aplaudiu e se comportou de forma civilizada. Isto é raro, pois é sabido o quanto os palmeirenses são exigentes, principalmente com a situação delicada que a equipe se encontra na Taça Libertadores e ter sido líder do campeonato paulista inteiro, praticamente. No domingo, o São Paulo perdeu para o Corinthians e a torcida tricolor, também aplaudiu o time pela performance em campo. Ambos os times mostraram em campo garra, determinação e principalmente profissionalismo, que são exigidos pelos torcedores. A vitória é um detalhe. Os adversários foram superiores e mostraram isso com as bolas nos pés e dentro dos gols adversários. O Palmeiras ainda teve o agravante da violência em campo, que não contagiou a torcida, ou seja, os torcedores desta vez foram superiores aos jogadores desequilibrados. Faço uma leitura positiva deste comportamento, no sentido de que é possível resgatar a Paz nos estádios. O exemplo foi dado. O sinal de que isso é possível foi demonstrado no sábado e no domingo, por duas torcidas reconhecidamente violentas. Desta maneira, penso que para um País que pretende sediar uma Copa do Mundo, é possível termos uma organização dentro e fora dos campos. Da mesma forma que dizem que a preparação dos jogadores evoluiu, de que os estádios estão melhores, de que a qualidade dos espetáculos cresceu, estou vendo que o comportamento das torcidas também está num crescente, a ponto de nos fazer acreditar que: crianças, idosos, mulheres e qualquer pessoa comum, podem assistir uma partida de futebol num estádio onde dois times tradicionais se enfrentem dentro de campo. A minha lamentação continua sendo aos dirigentes. É impressionante verificar uma conspiração de evolução em uma série de detalhes quanto ao espetáculo em si, e ainda verificar que dirigentes de futebol se comportam de forma tão mesquinha, pequena, amadora e de forma despreparada. Enquanto as torcidas deixam os estádios lamentando as derrotas dos times, os dirigentes faziam fofocas, intrigas, acusações e justificativas infundadas pela desclassificação das equipes dentro de campo. Ficou comprovado, para mim, que o descrédito do dirigente é cada vez mais latente e que a torcida não agüenta mais ouvir besteiras de cartolas e de alguns cronistas esportivos, que também não perceberam que o futebol em si evolui. Ainda bem que existem muitos times de futebol para torcer e muitas emissoras de rádio e TV para escolher. Falou ou fez bobagem é só mudar. Quem tiver competência se estabelece. Ronaldo, o fenômeno, que o diga.

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