quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O massacre de Santa Maria

Calma. Não se assuste. O acontecimento em Santa Maria com a morte de mais de 230 pessoas, e a tendência é que os números aumentem nos próximos dias, na minha opinião, não é um acidente tão pouco uma fatalidade. Nos dias de hoje em que o conhecimento, a cultura e os comportamentos são considerados mais evoluídos e estão sempre melhorando na forma de crescimento e desenvolvimento humanos, as falhas cometidas na boate, no meu modo de ver, eram esperadas e tudo aconteceria numa questão de dias. Tá certo que as proporções foram exageradas, mas aconteceriam cedo ou tarde.

Não vejo diferença entre os acontecimentos nos EUA em que mais de um maluco armado mataram dezenas de pessoas. Isto é considerado pela mídia como massacre. Massacre é quando existe carnificina, matança, esmagamento. Uma vez sem o cumprimento de tantas regras de segurança, o que aconteceu em Santa Maria não pode ser classificado como acidente, pois, não foi casual, e sim esperado quando se mistura fogo e material inflamável sem os equipamentos de segurança. Esta estória chama a atenção, em razão da quantidade de mortes, pois, não é a primeira vez que alguém morre por causa da insegurança em boates.

Sempre comparo que um acidente de avião chama mais atenção da sociedade do que os acidentes de carro. Quando cai um avião, e são poucas as vezes que isso acontece, centenas de pessoas morrem no mesmo momento causando comoção, enquanto que milhares de pessoas morrem em acidentes de trânsito diariamente, tornando-se normal, casual, rotineiro. Não devemos nos acostumar com isso. Morte é morte em qualquer circunstância e deve promover uma reflexão profunda nas pessoas, com o fim de uma vida, seja ela qual for. É preciso haver sentido e significado na vida. Quando um ser humano morre é preciso rever conceitos, e é isso que tenho feito com este fato, lamentável, em Santa Maria.

Como posso preservar as pessoas que amo e que estão ao meu redor e a mim mesmo, num caso deste? Quando eu for num restaurante, num evento grandioso ou até mesmo em casas de show, passarei a prestar atenção neste sentido. De como é feito o ambiente em que estarei ou um de meus familiares estará? O local onde vamos é seguro no meu ponto de vista? Passo a desconfiar do Poder Público de uma maneira geral, pois, quando vejo um determinado Corpo de Bombeiros inseguro quanto a informação do alvará neste caso de Santa Maria, uma determinada Prefeitura empurrando o caso, ou até os donos, engenheiros e funcionários da boate com informações desencontradas, chego a conclusão de que não posso confiar, portanto, quem deve tomar a decisão sou eu. Pelo menos em mim.

Poderei ser antipático, mas da mesma forma que tomo os meus cuidados quando viajo de carro (depois de sofrer um grave acidente), passarei a tomar mais cuidado para onde vou. Pode ser que eu deixe de freqüentar alguns lugares, mas procurarei fazer isso de um modo que eu não seja inconveniente, mas o exemplo de Santa Maria me leva a crer que é possível evitar de ir, ou de estar, em locais que não inspiram confiança. Passarei a ser seletivo e muito mais observador, pois, como diz um amigo meu do Corpo de Bombeiros, não existe meia segurança. Ou tem ou não tem.

Passarei isso aos meus filhos, esposa e familiares, mas admito que será algo complicado, mas acredito que se cada um de nós não fizer a parte que nos cabe, esses gananciosos continuarão agindo e colocando as pessoas em risco, e matando números incontáveis de vida. Precisamos criar um conceito sobre as conseqüências. Um ônibus, um carro, um trem, um prédio, uma casa, ou até mesmo uma pessoa suspeita, algo que me ameace... qualquer fato que venha a me proporcionar medo, é sinal de que o perigo existe. Sentir medo é bom. Sinal de que o “bom senso” está ligado. Não é covardia, e sim prudência. É a limitação da capacidade. Isso é ótimo, e se passarmos a respeitar este dom divino, seremos mais seguros, e certamente viveremos mais e melhor, correndo menos riscos calculáveis.

Que as vidas dessas pessoas do massacre de Santa Maria não tenham sido em vão. Vamos pensar, refletir, conversar com outras pessoas sobre o que aconteceu, mas não procurando culpados (esse é o trabalho da Justiça), e sim buscando alternativas de como prever o que aconteceu e evitar. Eu já comecei e algumas pessoas já perceberam isso. Não tem como medir o sofrimento das famílias que perderam pessoas queridas neste acontecimento, mas existe a chance de pararmos de ver a morte como algo banal. Nenhuma morte deve ser vista como normal e sim como uma colaboração daquela pessoa para que a humanidade seja mais ética com a própria espécie, pois, não deixa de ser uma clemência e compaixão com o outro, morrer e deixar uma lição.

Um comentário:

  1. Vamos começar com algo mais simples ainda ? Vamos reinvidicar que o ônibus coletivo tenha cintos de segurança ?

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