domingo, 15 de março de 2009

Nós escolhemos os ídolos que queremos

Sou fã do Ronaldo. Admito isso e justifico. O cara é um exemplo de que mesmo fazendo bobagens é admirado. Fala errado, não demonstra ser culto, é simples, não ostenta a riqueza que tem, sempre mal acompanhado de homens, quando está com mulheres é por interesses, físico de gordo e deduzo que deva ser uma pessoa difícil de conversar e trocar idéias. Diante de tudo isso, as vezes forço-me a confirmar a admiração que tenho por ele. Nunca o vi pessoalmente, se quer troquei palavras. Naturalmente a admiração que tenho por ele é platônico. Ao observar toda a atenção que a mídia dá ao Ronaldo Nazário, centroavante do Corinthians, considerado no Mundo como “o fenômeno”, vejo que meu ídolo é um ser normal como qualquer outro ídolo. Dos 18 anos em que fui cronista esportivo, tive oportunidade de conviver com dezenas de ídolos no futebol como: Emerson Leão (jogador e treinador), Telê Santana, Wanderley Luxemburgo, Rai, Careca, Muller, Zico, Sócrates, Neto, Jorginho, e tantos outros craques, em que aprendi a torcer por pessoas e não por times ou clubes de futebol. Sempre que eu me identificava com determinado ídolo eu passava a torcer para que ele sempre se desse bem, independente onde estivesse. E assim são os ídolos que tenho e sou torcedor de pessoas e não de times. Perdi minha identidade “clubística” em razão de ser amigo de pessoas que trabalhavam no futebol, e passei a torcer por treinadores, jogadores e diretores. Pessoas que eu penso que sejam boas. Com Ronaldo “o fenômeno” é diferente, pois nunca tive qualquer contato com ele. Com Pelé, tive oportunidade de entrevista-lo algumas vezes, e o defino como “especial”. Todas as vezes que entrevistei Pelé, senti algo de diferente na entrevista e ele foi o único que me deixava emocionado no final. Numa delas, fui consolado pelo próprio Pelé, no Pacaembu, dentro dos vestiários na Copa Pelé, quando ele jogou contra a Argentina na final. Minha emoção foi tanta, que quase não consegui terminar a entrevista, quando ele abraçou-me e disse: “Calma garoto. Vai dar tudo certo”. Se existe um momento meu como cronista esportivo que não esqueço, é esse. Tive muitos outros, mas esse é o mais significativo. O artilheiro Ronaldo também me deixa emocionado com freqüência. Toda vez que o vejo fazendo uma bobagem, fico esperando a superação. É assim em minha vida. Quando tomo noção de que fiz uma bobagem, aguardo a oportunidade de minha superação. Seria essa a minha identificação com o jogador? Pode ser. Acreditando que na vida nada é por acaso, Ronaldo tem a cara e o estilo do Corinthians: não importa os meios, as emoções estão garantidas. Não poderia estar em clube melhor, ele não tem cara de São Paulo, Palmeiras, Portuguesa, Santos ou qualquer outro clube. O cara é tão iluminado que vejo muita gente torcendo por ele, e não pelo clube. Palmeirenses, sãopaulinos, santistas e tantos outros, gostam de ver o Ronaldo em campo, e esperam um gol dele ou um comportamento diferente dele no jogo, independente da camisa que vista. O Ronaldo não é santo, como Pelé não é. Não podemos esquecer que Pelé teve tantas mulheres e filhos em sua vida, que talvez desse para montar vários times de futebol. Pelé, envolveu-se até em escândalos financeiros com a Unicef e com empresas privadas, sendo Ministro na Era Collor, e nada disso abalou a imagem do ídolo. Com Ronaldo não será diferente, mas o cara sorri de uma forma contagiante, e fala tão simples que qualquer pessoa se contagia. Pelé é assim também, entende (jeito do Rei falar). Concluo que os nossos ídolos nada mais são do que os sonhos que queremos ter e ser. Sonho ter um carrão... por conseqüência admiro carros. Sonho em ter muito dinheiro... naturalmente só penso em trabalhar, e assim vai. Quando me espelho em alguém, é o desejo que tenho de ser a parte boa daquele ídolo. Não quero ser a parte ruim, difícil e que muitas vezes a gente não quer saber. Só quero a parte boa. Pelé é meu ídolo, por ser uma figura emblemática no esporte. Ronaldo é meu ídolo, porque sempre está se superando. João Paulo II foi meu ídolo, porque era um ser iluminado. Esses ídolos que apontamos são capazes de mudar a história, e pessoas com esse poder devem ser admirados. A humanidade tem muitos exemplos neste sentido. Kaká, atacante do Milan, é tido como o bonzinho, perfeitinho e tudo mais. Porque será que todos admiram Ronaldo, Romário, Edmundo e tantos outros chamados de “Bab Boys”, e deixam de lado os “santinhos”. Digo que admiramos o que eles são capazes de fazer, naquilo que se propõem a fazer e não pelo comportamento pessoal, familiar e religioso que deveriam ter. Kaká é um ídolo comum, sem destaque como Barichello, Massa, Marta e tantos outros, que fazem bem o suficiente. Não são fora de série. Admiramos só o lado bom, porque até eles têm o lado ruim, que não queremos. Mas sendo ídolo, só se destaca o lado bom. Essa, talvez, seja a vantagem deles de nós mortais que somos cobrados pelo lado ruim que temos. Para o Fã o lado bom já satisfaz. No caso de Ronaldo, sabemos que ele é sem vergonha, mas gostamos dele de graça. Não importam os erros pessoais que ele cometa, queremos os gols... Márcio C Medeiros é radialista e jornalistaE-mail: marcio@medeiros.jor.brBlog: http: marcio-medeiros.blogspot.com#

Um comentário:

  1. Ola, Marcio!
    Confesso que fiquei meio relutante em ler seu artigo sobre o Ronaldo, porque na verdade eu nao sou fa dele, mas sou obrigada a admitir que depois de le-lo, passei a ver o retorno desse jogador com outros olhos. Apesar dele meter os pes pelas maos na vida pessoal - e quem nao mete? - ele tem seus meritos. Eu so acho que a midia anda endeusando ele demais, isso desgasta um pouco...
    Mas ja que ele voltou, entao, que seja bem vindo!
    Vou voltar outras vezes para ler seus outros artigos.
    So finalizando, uma curiosidade > voce era professor de Radialismo no SENAC? Se for, entao eu fui aluna sua em 99.
    Ate mais! 0/

    Veridiana Sganzela Santos - Garca

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