quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A banalização dos bailes


A cada baile que participo me convenço de que todo baile é igual, todas as personagens são iguais, conjuntos musicais semelhantes, repertório de músicas equivalentes e o modelo de organização parecido. O que muda, talvez, é a ornamentação. Ouso dizer que até mesmo o cardápio tem muitos detalhes copiados. Enfim, não consigo enxergar diferença entre um baile ou outro. Estive na semana passada no baile carnavalesco da Bagunça do Circo, e percebi diferenças interessantes em se tratando de um baile carnavalesco com um público diferenciado.

Já percebi, seja em formatura, casamentos, aniversários “solenes”, e eventos de grande exibição, de que o pessoal envolvido diretamente investe em roupas e demais preparativos, utilizando-se de muitas horas na preparação com detalhes que muitas vezes passam despercebidos. Início do evento sempre tudo lindo, tranqüilo e agradável. Num determinado momento, atingimos a parte da refeição que sempre causa certo tumulto, principalmente com as filas intermináveis em que temos que ficar em pé com o prato vazio na mão esperando a nossa vez, mas depois disso é tudo igual... vira tumulto, desorganização e momentos de pura exaltação. Penso que seja nesse momento que o baile se torna banalizado, afinal, homens e mulheres que chegaram todos “engomadinhos”, passam por uma transformação total a ponto de homens ficarem só de calças e as mulheres todas desmanchadas, derretidas, bagunçadas: irreconhecíveis de tão horrorosas. Seria a bebida a culpada? A grande intensidade de felicidade que se explode sem saber como e quando?

Nesse momento mistura-se todo e qualquer tipo de ritmo musical, num volume incompreensível, com qualquer tipo de manifestação física diferente de dança. É nesse ponto que acredito no fato de que os “bailes de salão”, deixaram de ter valor e o verdadeiro significado. Se toda e qualquer festa termina em “Carnaval”, ou então em “bailão”, ou então em “tecnodance”, onde está a força de um baile característico? Até os famosos Bailes do Havai, dos Anos Dourados, das Debutantes, ou qualquer outro que tenha um tema...??!!! se tudo vira festa com qualquer ritmo, qualquer melodia, qualquer conjunto musical, qualquer motivo, para que ter o baile disso ou daquilo? Realmente faz sentido os clubes sociais não conseguirem atrair pessoas para bailes tradicionais, pois tudo acaba em “Carnaval”. Este baile ficou banal.

O Baile da Bagunça do Circo se fortalece por combater tudo isso, ou seja, se mantém firme aos princípios do baile em si. Estive no baile quando era no salão do Marília Tênis Clube e estive no Golden Palace. Mantiveram as características temáticas e melhoraram a recepção e principalmente a segurança. Essa é a força deste baile, pois, em momento algum ouvi outro tipo de música a não ser carnavalesca, e não aché, sertanejo, clássicos ou qualquer outro tipo. O pouco que tocaram fora do ritmo das tradicionais marchinhas inocentes, percebeu-se nitidamente o esvaziamento das pessoas no centro do salão. Até mesmo com a apresentação de uma escola de samba da cidade, ficou claro que o desejo da maioria era o saudosismo e as marchinhas.

Sempre quando vou a um baile desses em que tudo vira nada, digo que até o momento da refeição é possível aproveitar para conversar, rever amigos, matar a saudade com pessoas distantes, ouvir e ver o que as pessoas falam e mostram e ter momentos agradáveis. Depois do jantar resume-se em barulho, escuridão, desorganização e demonstração de comportamentos pessoais nada normais, convidativos para que nos recolhemos para casa, com dor de cabeça, de ouvido e muitas vezes com fome. Lamento que o tempo até a “sessão desmanche” seja pouco. Poderíamos criar uma situação para estender mais este período e diminuir o “desmanche”. Venho notando que a “sessão descarrego”, tem conseguido mais espaço nos eventos a ponto, inclusive, de distribuírem “badulaques” que não consigo entender pra que?

Talvez o peso de quase meio século de vida esteja me fazendo ver a coisa desse ângulo, mas não posso deixar de registrar o ambiente gostoso proporcionado pelo pessoal da Chácara O Circo, que promove este evento há anos e a cada edição tem ficado melhor. Realmente foi um autêntico Baile de Carnaval, com fantasias, blocos carnavalescos, pessoas de maior idade, sem álcool, sem confusão, puro momento de muita saudade. Naturalmente os jovens não gostam e nem lá estiveram para notar a diferença.

Da mesma forma que passei a freqüentar o Carnaval de Rua, com os desfiles em escolas de samba, passarei a freqüentar o Baile do Circo, mas da próxima vez irei fantasiado, pois, fiquei frustrado de não ter brincado a noite toda num típico e verdadeiro baile de Carnaval, com a mulher que amo, sem a sessão desmanche ou descarrego. Parabéns aos organizadores que não deixam a tradição acabar e que revitalizam os sonhos dos mais antigos em relembrar tempos que não voltam mais, mas que neste tipo de baile promovido pela Chácara O Circo nos remete a momentos prazeirosos. 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Um passo para frente e dois para trás


Fiquei muito decepcionado com as escolhas dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Confesso que após o julgamento do “Mensalão”, passei a acreditar na possibilidade de um perfil melhor para os políticos do nosso País. Cheguei acompanhar, sem muita atenção, mas vendo e ouvindo, as sessões intermináveis e os debates acalorados que o assunto proporcionava. Gostei da performance de uns, fiquei triste com o comportamento de outros e assustado com a forma de agir de determinados ministros. Aliás, tenho este costume de assistir este tipo de programação, para acompanhar o comportamento dos “artistas”, tanto do aspecto intelectual como de atitude.

As escolhas para os dois parlamentos mais importantes do Poder Legislativo foram desastrosas. Não entro no mérito pessoal, mas sim, do passado de ambos que são muito comprometedores o que me leva a crer que não houve a mudança que sonhei. Sei que estas situações são articuladas, negociadas e muito dialogada entre os líderes, mas ficou nítido para mim um acordo generalizado, um pagamento de favores e o que é pior: com cartas marcadas. Como posso passar a acreditar nos políticos? Imaginei que estivéssemos num período de metamorfose e as personagens políticas estivessem melhorando, tanto no perfil físico como moral. Pessoas novas, ideias diferentes, comportamentos mais adequados e tudo mais. Juro que cheguei a acreditar nisso.

Quando vejo e ouço esse tipo de retrocesso, fico desanimado, pois, já percebi que as mudanças necessárias para que tenhamos um mundo melhor passa pela “esfera política partidária”, e com comportamentos deste modo, não tem como acreditar em mudanças para melhor. Em minhas atividades profissionais e pessoais passei a enxergar de que é preciso se envolver com a política partidária para ajudar a promover mudanças, pois, sem este envolvimento as propostas ficam somente no discurso, e de blá...blá...blá... acho que todos nós já nos cansamos. Está na hora de agir, e rápido. Do contrário a próxima geração vai padecer como a minha geração está padecendo de comportamentos mais éticos, mais coerentes e princípios morais entre os políticos.

Assistindo um dos vários noticiários que acompanho e me chama a atenção um ministro japonês se matando porque desviou dinheiro; um ministro inglês preso porque mentiu há 10 anos por causa de uma multa de trânsito; um chefe da CIA demitido porque traiu a esposa e tantos outros exemplos no exterior inimagináveis no Brasil. Fico assustado em ver quantas diferenças de princípios, caráter, comportamento e cultura temos por aqui. Talvez eu não seja testemunha de brasileiros mais conscientes nas escolhas dos políticos que são os verdadeiros agentes de mudanças amplas, sendo melhores e mais preparados para mudar. Sou a favor sim, do voto distrital, da mudança na Lei Eleitoral e principalmente em mais exigências técnicas, moral e didática aos postulantes aos cargos eletivos.

Pior é que este cenário existente em Brasília não é diferente nas cidades. Quantas notícias de prefeitos eleitos cassados de forma antecipada, de vereadores desviando milhões de reais, de eleições ainda sendo analisadas pelo Supremo Tribunal Federal, são publicadas diariamente? Vejo que as necessidades de mudanças começam próximos de nós, para quando estiverem longe, sejam desejadas e atingíveis, porque da forma como estão sendo apresentadas, passamos a ser descrente de que seja possível existir político honesto, político de comportamento coerente, de político assumindo erros e acertos, de político ser um bem e não um mal. Quero acreditar nisso, mas está difícil.

Admito que não sei onde colocar parâmetros, mas tenho aprendido muito em como não agir, diante do exemplo deles. Pena que não temos “paredões” semanais, em que o povo pudesse tirar políticos na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal, baseado no comportamento deles. Os “paredões” que temos para tirar os políticos, são de quatro em quatro anos, e talvez o intervalo seja muito grande, mas certamente a imprensa de uma maneira geral tem colaborado com isso, através das denúncias publicadas, que dia a dia chegam mais próximo de pessoas que se acham inatingíveis, mas pelo que parece todo político em destaque um dia acaba desmascarado. Será que vale a pena?

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O massacre de Santa Maria

Calma. Não se assuste. O acontecimento em Santa Maria com a morte de mais de 230 pessoas, e a tendência é que os números aumentem nos próximos dias, na minha opinião, não é um acidente tão pouco uma fatalidade. Nos dias de hoje em que o conhecimento, a cultura e os comportamentos são considerados mais evoluídos e estão sempre melhorando na forma de crescimento e desenvolvimento humanos, as falhas cometidas na boate, no meu modo de ver, eram esperadas e tudo aconteceria numa questão de dias. Tá certo que as proporções foram exageradas, mas aconteceriam cedo ou tarde.

Não vejo diferença entre os acontecimentos nos EUA em que mais de um maluco armado mataram dezenas de pessoas. Isto é considerado pela mídia como massacre. Massacre é quando existe carnificina, matança, esmagamento. Uma vez sem o cumprimento de tantas regras de segurança, o que aconteceu em Santa Maria não pode ser classificado como acidente, pois, não foi casual, e sim esperado quando se mistura fogo e material inflamável sem os equipamentos de segurança. Esta estória chama a atenção, em razão da quantidade de mortes, pois, não é a primeira vez que alguém morre por causa da insegurança em boates.

Sempre comparo que um acidente de avião chama mais atenção da sociedade do que os acidentes de carro. Quando cai um avião, e são poucas as vezes que isso acontece, centenas de pessoas morrem no mesmo momento causando comoção, enquanto que milhares de pessoas morrem em acidentes de trânsito diariamente, tornando-se normal, casual, rotineiro. Não devemos nos acostumar com isso. Morte é morte em qualquer circunstância e deve promover uma reflexão profunda nas pessoas, com o fim de uma vida, seja ela qual for. É preciso haver sentido e significado na vida. Quando um ser humano morre é preciso rever conceitos, e é isso que tenho feito com este fato, lamentável, em Santa Maria.

Como posso preservar as pessoas que amo e que estão ao meu redor e a mim mesmo, num caso deste? Quando eu for num restaurante, num evento grandioso ou até mesmo em casas de show, passarei a prestar atenção neste sentido. De como é feito o ambiente em que estarei ou um de meus familiares estará? O local onde vamos é seguro no meu ponto de vista? Passo a desconfiar do Poder Público de uma maneira geral, pois, quando vejo um determinado Corpo de Bombeiros inseguro quanto a informação do alvará neste caso de Santa Maria, uma determinada Prefeitura empurrando o caso, ou até os donos, engenheiros e funcionários da boate com informações desencontradas, chego a conclusão de que não posso confiar, portanto, quem deve tomar a decisão sou eu. Pelo menos em mim.

Poderei ser antipático, mas da mesma forma que tomo os meus cuidados quando viajo de carro (depois de sofrer um grave acidente), passarei a tomar mais cuidado para onde vou. Pode ser que eu deixe de freqüentar alguns lugares, mas procurarei fazer isso de um modo que eu não seja inconveniente, mas o exemplo de Santa Maria me leva a crer que é possível evitar de ir, ou de estar, em locais que não inspiram confiança. Passarei a ser seletivo e muito mais observador, pois, como diz um amigo meu do Corpo de Bombeiros, não existe meia segurança. Ou tem ou não tem.

Passarei isso aos meus filhos, esposa e familiares, mas admito que será algo complicado, mas acredito que se cada um de nós não fizer a parte que nos cabe, esses gananciosos continuarão agindo e colocando as pessoas em risco, e matando números incontáveis de vida. Precisamos criar um conceito sobre as conseqüências. Um ônibus, um carro, um trem, um prédio, uma casa, ou até mesmo uma pessoa suspeita, algo que me ameace... qualquer fato que venha a me proporcionar medo, é sinal de que o perigo existe. Sentir medo é bom. Sinal de que o “bom senso” está ligado. Não é covardia, e sim prudência. É a limitação da capacidade. Isso é ótimo, e se passarmos a respeitar este dom divino, seremos mais seguros, e certamente viveremos mais e melhor, correndo menos riscos calculáveis.

Que as vidas dessas pessoas do massacre de Santa Maria não tenham sido em vão. Vamos pensar, refletir, conversar com outras pessoas sobre o que aconteceu, mas não procurando culpados (esse é o trabalho da Justiça), e sim buscando alternativas de como prever o que aconteceu e evitar. Eu já comecei e algumas pessoas já perceberam isso. Não tem como medir o sofrimento das famílias que perderam pessoas queridas neste acontecimento, mas existe a chance de pararmos de ver a morte como algo banal. Nenhuma morte deve ser vista como normal e sim como uma colaboração daquela pessoa para que a humanidade seja mais ética com a própria espécie, pois, não deixa de ser uma clemência e compaixão com o outro, morrer e deixar uma lição.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A mentira de pernas compridas e braços curtos

Fiquei surpreso com o comportamento de Lance Armstrong, em entrevista na TV, admitir o uso de doping por sete anos, quando foi campeão por sete vezes, como ciclista, da volta da França. A surpresa não é tanta pelo comportamento humano, afinal, reconhecer o erro só pode ser humano. Minha surpresa é ver como uma mentira durou tanto tempo assim. Sempre ouvi dizer que mentiras tinham pernas curtas, mas o campeão de araque Lance Armstrong, provou e comprovou, que o tamanho “dessas pernas”, são complexos.

Como que uma pessoa, na posição que ocupou, sendo chamado de “Herói” pelo exemplo de superação no combate contra o câncer, da fundação que criou para ajudar os outros e pelo exemplo de que o esporte é alternativa saudável para homens e mulheres de qualquer idade, chega neste ponto vergonhoso como ser humano? Como que alguém pode mentir “sozinho” por tanto tempo assim? Para mim tem algo de errado nessa história e acredito que futuramente descobriremos mais detalhes, pois, não consigo aceitar que utilizar substâncias proibidas durante sete anos; trocar de sangue durante sete anos; adquirir produtos modernos de doping durante sete anos... alguém consiga fazer isso sozinho?

Pior ainda é fazer isso e enfrentar as pessoas no dia a dia com a maior naturalidade. Participar de campanhas, movimentos e ações humanitárias, com o status de “herói”, e posar para inúmeras reportagens, entrevistas e ser visto como modelo, exemplo e admiração de centenas de milhares de pessoas, e depois admitir com um simples “sim”, de que usou substâncias proibidas para atingir o máximo da forma física nas competições que disputou, durante sete anos? Fiquei com cara de “banana”, pra não dizer outra palavra, vendo o cidadão sendo entrevistado e admitir que ele se dopou para ser campeão, depois de sete anos e por sete anos fez tudo isso? Não acredito que ele fez sozinho.

Dizem que mentira tem pernas curtas. Talvez porque as conseqüências dela atingem as pessoas mais próximas, numa “curta” distância. Não quero imaginar o que os familiares desse Lance Armstrong vão passar nos próximos anos. O que deve passar na cabeça de um pai, de uma mãe, dos filhos e das pessoas que o amam, assistindo este comportamento vergonhoso? Percebo que o tamanho das pernas da mentira são curtas pelas conseqüências, pois são compridas quanto ao tempo, afinal, são inúmeros os casos de mentiras que são descobertas com 5, 10, 15, 20, 30, 40 e até 50 anos depois. Nestes casos a mentira teve pernas compridas e ligeiras, para se manter por tanto tempo.

Refaço meu conceito concluindo que ao afirmar que mentira poderia ter pernas curtas, pois, são as pessoas em nossa volta que sofrerão as maiores conseqüências, e que as “pernas” da mentira passam a ser compridas de acordo com o tempo de duração delas. Nossos políticos brasileiros são hábeis neste sentido, pois, quantas foram as vezes que se descobriu escândalos e mais escândalos anos depois. Imagino que muita coisa irá surgir nos próximos anos, e aos poucos estão surgindo.

Mas esse caso do ciclista é curioso, porque eu acredito que muita gente deve se envolver com ele por negócios, oportunidades e até por ter sido considerado o semideus. Será que essas pessoas não sabiam ou desconfiavam? Só ele deve ser punido? O fato de estarem com ele, perceberem e não dizerem nada não as tornam cúmplices ou até mesmo sócios na mentira? Acho que a mentira passa a ter pernas e braços, ou seja, as pessoas beneficiadas com a mentira sendo coniventes, pagariam por ela também, afinal a enganação foi generalizada.

Para a minha pequena Laura e o fortão Murilo, ensinarei sempre que mentira tem pernas compridas e braços curtos, ou seja, ela pode durar muito (pernas), mas afetará todas as pessoas que estão próximas de você (braços). Talvez desta forma meus filhos poderão formar no caráter deles, de forma mais enfática, de que mentira não é aceitável nunca. A sensação que as pessoas tem é de raiva por terem sido enganadas. Nem sei pronunciar o nome desse cara, muito menos sei qualquer coisa a mais dele, mas me senti um otário vendo a entrevista dele, com a maior cara de pau, admitir que a vida dele é uma farsa, mas que milhares de pessoas acreditavam nele em vários sentidos. Nada mudou de prático em minha vida, mas meus conceitos se fortaleceram com o exemplo dele, que deve estar se corroendo sem poder olhar para os filhos ou ter o carinho da família, pois, são os que mais estão sofrendo com a mentira dele. Os amigos sumirão e em breve ele também.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O Mundo com bom humor

Está comprovado para mim de que o Mundo será melhor se tivermos bom humor em todas as nossas situações. Sei que isto não é fácil, dependendo do caso, mas em tudo é possível ver com um olhar mais descontraído, afinal, tudo nesta vida se transforma, e porque não transformar em algo agradável? Digo isso, porque percebi que as pessoas com bom humor são mais agradáveis, chegam mais rápido em soluções complexas e sempre conseguem promover uma conspiração generalizada em que tudo acaba dando certo de forma rápida.

Já li reportagens sobre o assunto e já entrevistei pessoas que superaram problemas graves, através do bom humor. Acredito que a vida é maior e melhor, quando a gente sorri mais, ri mais e principalmente procura se relacionar com as pessoas com educação e bom humor. Talvez o problema seja a forma de humor que escolhemos, que muitas vezes pode não agradar. Alguns confundem um tipo de humor como desprezo, sarcástico, ironia, gozação e até descaso. Pode acontecer de uma pessoa ser mal interpretada, e diante do humor tido como diferente, ser motivo de discussão e tudo mais.

Tenho feito um exercício mental que estou considerando interessante. Sempre quando vou responder algo, ou fazer uma pergunta, tento me lembrar se é possível fazer com bom humor. Das vezes que lembro e faço o teste, tem dado certo. A reação das pessoas tem sido mais agradável e a conversa passa a fluir melhor. É como se o humor desmontasse qualquer barreira ou qualquer dificuldade de interpretação. Mas não são em todas as situações a possibilidade de fazer isso, mas quando dá, tenho feito e dado certo, daí o questionamento que faço se não é possível nos basearmos no bom humor em tudo que por ventura vamos fazer ou falar.

A vida, por si só, não é fácil e durante o dia somos vítimas de pequenas ciladas, armadilhas e encruzilhadas que nem sempre encontramos a alternativa mais correta. Já notei, que mesmo quando erramos neste sentido, o bom humor consegue ajeitar a situação de uma forma mais favorável e o problema passa a ser resolvido de uma maneira menos traumático ou doloroso. Talvez ao buscarmos justificativas naquilo que acontece conosco, dentro do caminho do bom humor, seja uma fórmula interessante de se buscar soluções mais compreensíveis. O humor é um meio positivo de se conseguir um mundo melhor, porém, saiba diferenciá-lo de engraçado, divertido, extrovertido e brincalhão. Isto pode ser considerado irresponsável por algumas pessoas.

O bom humor que me refiro é aquilo que é dito de forma agradável. Não é preciso vir seguido de piadas, comparações, sons, gestos e tudo mais. Basta falar de uma forma sorridente, desprovido de rancor, sem maldade, braveza, ou sendo tétrico ou num tom professoral. Seria a linguagem do coração, que muitas vezes pode vir seguido de erros de concordância, mas qualquer um é capaz de entender, quando se está com o coração e a mente abertos e em sintonia. A comunicação é uma ciência, mas a prática ainda depende da emoção e do aspecto sentimental. Muitas vezes é possível ser sincero, verdadeiro, franco e dizer o que é preciso ser dito, mas com ternura, com serenidade e amor nas palavras.

Já observei desentendimento em que as pessoas falavam a mesma ideia, mas em tons diferentes, formas diferentes, utilizando palavras duras, amargas e de duplo sentido. Confusão na certa. Daí a necessidade de saber o que se fala e como se fala. Utilizar as palavras corretas, e ainda com bom humor, é uma arte que somente aqueles que detém conhecimento e prática de leitura, situações pra poucos, é que se consegue, pois muitas vezes temos as palavras a disposição, mas nos esquecemos do bom humor. Assim sendo, vamos praticar fazendo, porque desta maneira passaremos a fazer com naturalidade e divertido com o passar do tempo.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Obesidade: a auto estima elevada


Estive com a família em uma das praias do litoral norte paulista. Lugar bonito, bem agradável e ótimo para a nossa pequena Laura se divertir com segurança. Confesso que não sou muito simpático a praia. Tenho dificuldades em compreender como: sal, areia e calor podem ser agradáveis, em convívio com a família. Mas para o bem do relacionamento familiar anualmente faço este sacrifício, mas na verdade passo a utilizar esses dias de “caiçara” como sendo um momento de ficar a vontade com minhas idéias e meu corpo. Sem horário, sem compromisso e sem ter que dar satisfação.
No entanto, entre uma leitura aqui e outra ali, fico observando o comportamento das pessoas, pois, gosto de ver comportamentos, posturas, relacionamentos interpessoais e coisas do gênero social. Pude notar das vezes que fui até a praia que o comportamento do brasileiro mudou muito e principalmente o perfil físico. Verifico que o formato dos brasileiros está cada vez mais oval, para não dizer arredondado. Não percebi nenhuma preocupação com isso. Ao contrário. Homens e mulheres de todas as idades se relacionamento muitíssimo bem com os corpos obesos, desfilando maiôs decotados e cada vez mais fragmentados. Muito menos qualquer tipo de preocupação com cicatrizes, manchas, verrugas, modelitos de banho, combinações ou cuidados especiais que deveríamos existir ao estarmos com tão pouca roupa.
Não pensem que fiquei assustado ou até mesmo surpreso. Fiquei admirado em ver que a auto estima do pessoal está elevada e a preocupação maior era de se divertir e estar a vontade. Não notei qualquer tipo de pudor desta ou daquela pessoa. Senti um ambiente de igualdade em que as diferenças raciais, econômicas e sociais são niveladas ao mesmo patamar quando se está numa praia. Todos comem qualquer coisa, de qualquer jeito a qualquer hora. Todos ficam a vontade para falar, beber e fazer o que quiserem. Risadas aos montes e bem altas, gestos dos mais diversos e principalmente as posições nas cadeiras de deixar qualquer contorcionista de raiva por ver que qualquer um pode sentar ou deitar de muitas formas.
Fiquei feliz de ver um povo desprovido de qualquer vaidade, aproveitar o local. Brincar, pular, nadar e até não fazer nada. Homens e mulheres de todas as idades passeavam de qualquer maneira. Naturalmente se percebe aqueles com fino trato dos objetos ou dos modos de se apresentar, mas foram poucos os que percebi que a ostentação era mais importante, ou que ser daquele jeito, para essas pessoas era normal. Infelizmente neste universo de “bem estar” a beleza não conta muito. As pessoas se nivelaram no mediano, ou seja, todos redondos. Nem muito magros e nem muito gordos. Foram poucos os corpos atléticos e bem cuidados. Reduzido o número de metrossexual ou das “garotas de Ipanema”.
Conclui então que praia é local, na minha visão, de ficar a vontade, afinal, você dificilmente voltará aquele local, verá aquelas pessoas e pouco se importará com o que vai acontecer naquela praia, porque sua passagem é apenas nas férias, e deste modo as preocupações com a saúde continuada, em todos os sentidos, são secundárias uma vez que o prazer é a prioridade e, talvez, um excelente remédio contra o estresse, a monotonia, as pressões de se comportar e vestir-se bem e tudo mais. Praia é para todos, indistintamente, apesar da saudade que tive dos meus 20 anos, quando eu observava uma beleza física, e não uma beleza moral, ou espiritual, ou social. Acho que todos nós evoluímos. 

sexta-feira, 9 de abril de 2010

BBB10 - A Lição

Tenho procurado assistir a todas as entrevistas dos participantes do BBB10 para eu poder chegar a uma conclusão do que aconteceu. Ainda está estranho o programa de TV bater recorde de votação e não ir bem nas pesquisas de IBOPE, e ainda o vencedor não é a personagem mais simpática, ou pelo menos que se identifique com a população em geral. Nas edições anteriores esta empatia aconteceu. O vencedor era o queridinho da população e o comportamento dele dentro da casa era semelhante ao ambiente que a sociedade vivia na época. Mas o que aconteceu desta vez? Tenho vários pensamentos. Não sei se pelo fato de eu estar lendo muito material sobre planejamento estratégico, tenho observado que os amigos de Marcelo Dourado foram bem organizados. Daí a explicação do recorde no número de votações, e o fato deste sujeito participar de seis eliminatórias e passar por todas com boa margem de segurança e ainda vencer a etapa final com recorde de aceitação. Chego a conclusão de que Marcelo Dourado planejou, disciplinou-se e procurou sair de todos os conflitos mais perigosos num relacionamento em grupo. Fez ar de tonto, bôbo, ignorante e muitas vezes até um pouco violento. Mas controlou-se. Gosto do programa e procuro assistir sempre que possível, mas não como crítico contumaz, mas sim como mero observador, pois, noto que muitos dos acontecimentos que ocorrem dentro da casa, são semelhantes nas famílias, nos locais de trabalhos, nos clubes sociais, nas rodas de amigos e em qualquer grupo com mais de duas pessoas. Todos nós fazemos comentários semelhantes ao que assistimos na TV, ou até mesmo, temos comportamentos parecidos com uma das personagens. Percebo muita semelhança, e naturalmente vendo na TV ficamos confortavelmente assistindo, comentando e tirando conclusões. Diferente de quando somos a personagem do BBB no nosso dia-a-dia. Aprendi que Marcelo Dourado não é nenhum exemplo de pessoa, caráter, comportamento e até de imagem. No entanto, ele nos mostrou que a disciplina, o poder de relacionamento, e a administração do comportamento alheio podem ser argumentos de sucesso. Não tenho nenhuma admiração por ele, afinal, torci muito pelo Cadu, que ficou em terceiro e perdeu feio a final. Até mesmo para a Fernanda, que demonstrou ser uma pessoa dissimulada o tempo todo. Mas tenho que admitir que esse Dourado roubou a cena e mesmo com o jeitão brucutu, fez com que as pessoas votassem a favor dele. Já não vimos isso nas eleições? Acredito que os promotores do BBB devem avaliar melhor a forma de votação. Esse negócio de uma pessoa ter a possibilidade e a facilidade de votar quantas vezes quiser, parece-me não ser a mais correta e justa, pois aprendi que na votação do BBB não se trata do desejo da maioria e sim dos mais persistentes e amigos dos envolvidos. Admiro o programa pelo conteúdo e não pela fórmula de realização, pois, não concordo com muitos dos resultados das eliminatórias, tão pouco a final. Procurei desvencilhar o resultado do programa com o desejo da população, como insistiu por diversas vezes o lunático Pedro Bial. Na final, ao abrir meu leptop e ver que o “Brasil era Dourado”, senti uma grande influencia do ditado: quanto pior, melhor. Talvez o resultado seja um sinal de que a população está cansada de assistir um programa que dure 10 anos com o mesmo formato. Diga-se de passagem, para um programa de TV durar uma década e faturar o que fatura, não pode ser considerado um programa duvidoso. Respeito isso, mas penso que a cada ano temos que fazer leituras diferentes sobre o desenvolvimento deste tipo de programa que pode ser conduzido de uma certa forma, porém, nada que seja considerado desonesto. Ou alguém acha que a TV Globo gostou do Marcelo Dourado ter vencido?