quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

As lições do Haiti aqui...

Não deixo de ficar emocionado todas as vezes que vejo na televisão o desastre que aconteceu no Haiti e a luta pela sobrevivência que aquele povo mostra todas as vezes que uma equipe de reportagem aparece. Penso que seja impossível não se sensibilizar por tudo aquilo. Verificar como é possível um ser humano no século 21 viver naquelas condições e chegar a comportamentos dos mais selvagens para lutar por comida, água ou pelos seus bens que sobraram. Admito que por muitos dias imagens fortes sobre o terremoto e a luta dos haitianos me incomodaram. Choro, desespero, mortes, crianças e velhos feridos, pais e mães desesperados pelo sentimento de impotência e principalmente o olhar profundo de cada um dos que sobreviveram, sem ter uma esperança a imaginar foram detalhes que muitas pessoas perceberam. Ao ver aquelas condições lamentáveis em que o povo do Haiti vive, fiquei a pensar como isto seria possível, ainda mais com um terremoto naquelas proporções? Como pode tanta desgraça acontecer num mesmo local? Que culpa aquele povo tem, por viver em condições tão miseráveis, e ainda sofrer um terremoto arrasador? Não encontro respostas para estas perguntas, mas consigo transportar estas minhas indagações a uma realidade que está bem próxima de mim. Ao passar em locais periféricos da cidade em que vivo, começo a recordar as imagens que as emissoras de TV insistem em mostrar, do povo do Haiti, nos principais horários da televisão constantemente. Cheguei, certa vez, pensar que estavam falando do Haiti, mas era sobre as enchentes de São Paulo, as catástrofes de Paraitinga, e até mesmo fiz confusão sobre os acidentes em Agra dos Reis. Em um dia em que Marília foi vítima de um temporal, fotos nos jornais mostravam o estrago que a população mais carente de minha cidade sofreu, e eu imaginei que fosse o Haiti. Lembrando da música de Caetano Veloso em que ele diz que o Haiti é aqui, passei a refletir a dimensão dos problemas. Assim sendo percebi que somente grandes nações podem ajudar o povo haitiano. Navios, aviões, carros, tanques (de água), exército (segurança), e ONGs especializadas em catástrofes é que são os meios emergenciais e que farão algo por aquele povo imediatamente. Minha ajuda é ínfima. Naturalmente se eu me unir a outros, pode ser que faça alguma diferença a longo prazo, mas penso ser incapaz de fazer algo pelo povo do Haiti a qualquer momento, mas posso fazer pelo povo de Marília ou de cidades próximas, ou até mesmo dentro do meu País. Ao assistir uma apresentação de uma voluntária que esteve em Guayaquil, no Equador, fazendo parte de uma Missão Humanitária do Rotary International, enxerguei que a minha vocação de voluntário pode ser desenvolvida na comunidade em que estou. Ou até mesmo em regiões miseráveis dentro do meu próprio País. Senti que eu seria a diferença neste sentido, e que a minha simples presença (sem fazer qualquer coisa) poderia ajudar em algo. Ao ouvir a Lilian Moraes mostrar o quanto foi importante esta missão para o povo equatoriano, fui me enchendo de motivação para fazer algo por aqui mesmo, sem a necessidade de ir tão longe. Vendo como o Haiti está transformando o mundo em nações humanitárias, e vendo o que o Rotary International é capaz de fazer sozinho, aprendi que ao dedicar-me em ações simples, práticas e dentro de minhas possibilidades, posso ajudar qualquer um em qualquer lugar. Tenho conhecimento que as famílias carentes de minha cidade são assistidas pelo Poder Público e por diversas instituições filantrópicas e assistencialistas, em que minha presença talvez fosse desnecessária, se eu a trocasse por donativos ou alimentos. Seria mais útil e menos trabalhoso. Ao assistir o trabalho voluntário que foi feito no Equador, imaginei as regiões mais interioranas do nordeste, sul ou até mesmo no norte do Brasil. Imaginei os problemas indígenas até hoje mal resolvidas pelas equivocadas políticas públicas, ou até mesmo pelo antigo Projeto Rondon, que sempre tive idolatria em fazer parte, em que poderia ajudar com a minha simples presença e com a pouca experiência que adquiri na vida. Ou seja: não consigo ajudar o Haiti, mas posso ajudar o Brasil. Estou colhendo informações de como fazer isso. Naturalmente sendo rotariano convicto, farei parte de uma Missão Humanitária que a organização que faço parte pretende desenvolver, graças ao entusiasmo desta moça, Lilian Moraes, da cidade de Rancharia, que vem contagiando as pessoas que prestam atenção na essência deste trabalho realizado por ela. Quando isto acontecer, sentirei a recompensa física, moral e espiritual de como é necessário e vital para a vida de qualquer pessoa, ajudar desconhecidos com o único propósito de ajudar, seja como for. Vendo o Haiti, a África, o Equador e tantos outros locais miseráveis deste planeta, vejo o quanto é importante dar de si antes de pensar em si, que a meu ver deve ser a única razão de nossa existência. Qual a importância que existe em viver sem ajudar o outro?

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

As mães são mais importantes

Vivo uma experiência extraordinária. Serei pai pela segunda vez aos 43 anos de idade. Posso afirmar que é bem diferente do que ser pai com 20 ou 30 anos. A primeira experiência que eu tive em ser pai, na época estava com 27 anos. Foi maravilhoso, mas vivia uma outra situação e enxergava o mundo com um outro olhar. Hoje, mais tarimbado, reconheço que a experiência que adquiri será benéfica em todos os sentidos. Aos 25 anos de idade qualquer pessoa se considera capaz de mudar o Mundo, enquanto que próximo dos 50, nossas forças e entusiasmos são bem diferentes. Mas esta gravidez é totalmente diferente da anterior. Primeiro que são com mulheres diferentes, e segundo que a experiência atual se trata de uma fertilização assistida. É a quinta tentativa que eu e Liza (minha amada) estamos vivenciando, e desta vez com pleno sucesso. Desde novembro nossas vidas são bem diferentes, e admito que a partir do momento que eu soube que seria pai novamente, algo muito desejado, esperado, planejado, investido e sonhado, considero-me outra pessoa. Passei a enxergar tudo em minha volta com outras cores, formatos e sentidos. Pela idade avançada, pelo tratamento realizado e pela quantidade de ansiedade, certamente a gestação é totalmente atípica. Mas o que tem me chamado a atenção é que ao sentir-me grávido percebo a injustiça da natureza em centralizar tudo na mulher. O homem é um mero assistente, provedor e na maioria das vezes o causador de inúmeros problemas. O homem não tem nenhuma participação direta numa gravidez. Não sente dores, incômodos, tonturas, náuseas... não tem que tomar remédios, injeções ou ter que fazer exames periódicos e tudo mais. A função masculina é pura e simplesmente de qualquer ajudante, assistente, assessor, consultor, mensageiro e provedor. Qualquer ação masculina neste momento não tem valor algum. Não tem reconhecimento, lembrança ou até mesmo consideração. É visto por todos como uma obrigação que não importa a condição financeira, cultural, profissional, social ou até mesmo intelectual do homem, ele tem a obrigação de fazer daquele jeito e pronto. Isso tem me colocado numa situação muito ruim, pois meu sonho era ter um envolvimento maior, uma participação mais efetiva e dividir esses problemas, que muitas vezes para uma mulher pode parecer muito. Nem palpites podemos dar. Tenho que admitir que a mulher tem um papel muito mais importante numa família, do que a do homem. Ao gerar e parir um ser humano, está sendo o centro das atenções, das valorizações e principalmente de toda e qualquer consideração futura, afinal tanto a criança quanto a mãe não tiveram a oportunidade da escolha e a partir do nascimento a relação tem que ser valiosíssima, pois trata-se de uma amor e de um sentimento gratuito. A figura da mãe tem que ser santificada com razão, pois, passar por todas as dificuldades que a mulher passa durante esses nove meses é preciso ter reconhecimento de toda uma vida. Ao observar a luta que a Liza trava todos os dias, fico imaginando a injustiça que será se o nosso filho um dia destratá-la por qualquer razão. Neste momento fico imaginando como fui cruel com minha mãe. Quantas dores de cabeça eu causei a ela, sendo que o sofrimento que ela teve para me gerar e parir foram incalculáveis, e não chegam se quer perto do que eu causei. Não há como se desculpar disso tudo, até porque, os erros cometidos são por desconhecimento. Ninguém erra por que quer, e sim por não saber. Mas a reivindicação que faço é para que nós, pais, possamos ser reconhecidos de que o nosso sofrimento solitário e sem reconhecimento social, passe a ser visto de outra maneira, pois ao ver a pessoa que amamos sofrendo, a gente sofre também pelo sentimento de incapacidade. Quando nós homens observamos a sobrecarga de tarefas maternas, sofremos por não termos a habilidade necessária para socorrer. Isto nunca é visto pelas mulheres. Nós homens neste momento só podemos fazer uma coisa: prover. É tendo no caso, dinheiro para proporcionar conforto, tranqüilidade, segurança, bem estar e principalmente a promoção das melhores possibilidades para que tudo dê certo. Mas dinheiro não é tudo, afinal, na natureza não existe dinheiro, que é uma criação do homem. Nós homens temos que amar... e amar além do que nós somos capazes. Amar na essência, com tolerância, com cumplicidade, com ternura, com delicadeza, com silêncio e até com dúvidas, pois, a mulher, que é um ser imaculado, é capaz de sentir tudo que é de bom para um filho, o mesmo para com o marido, afinal dois se unem para formar outro. A palavra de ordem é: comprometimento. Quer observar se um casal promove o amor, veja a qualidade dos filhos produzidos por eles. Os filhos nada mais são do que reflexo do sentimento que os pais depositam no dia a dia. Hoje eu entendo que para existir seres humanos adequados, é preciso que haja boa família. E isso não é fácil, pois homens bem forjados é preciso ter famílias bem estruturas e nossa sociedade caminha para um lado contrário.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O medo da aposentadoria

Neste dias de muitas festas assisti uma cena que me chamou atenção por vários motivos. Meu cunhado vai se aposentar e ao invés de estar feliz, demonstrou muita preocupação. Estou com 43 anos de idade e nunca me passou pela cabeça chegar até a aposentadoria. Vou recorrer a previdência privada, pois certamente a do Governo não me é possível. Mas para meu cunhado não. Ele sempre recolheu a aposentadoria, onde trabalha também fazem o recolhimento e o que seria algo de muita alegria, percebi um tom de frustração e medo da parte dele. Num primeiro instante imaginei a queda do ritmo de vida dele. Depois mudei de idéia em virtude de que cheguei a conclusão de que quem decide esse ritmo somos nós, e não nossa atividade profissional. Então, pensei que seria o fato dele deixar de fazer o que gosta, que no caso é ser dentista. Também mudei de idéia, até porque ele pode perfeitamente continuar a fazer os atendimentos numa quantidade menor. Cheguei a pensar que seria algum problema físico, mental ou até algo mais complexo distante de minha compreensão, porém, diante da cumplicidade que tenho com minha irmã, talvez eu soubesse de algo neste sentido. Então porque a preocupação? Marotamente aproximei-me dele e na primeira oportunidade que tive toquei no assunto. Daí veio a explicação: meu cunhado Rolando Battistetti Filho, que vai se aposentar, não acredita na manutenção da aposentadoria por parte do Governo Federal. Puro descrédito político-administrativo. Nunca imaginei que meu cunhado, conhecido na família como “Rolagaiver”, numa referência aquele seriado da televisão “Profissão Perigo”, que tinha na personagem Macgyver, o solucionador de todos os problemas com engenhocas e improviso em todos os momentos, tivesse esse tipo de preocupação didática. Meu cunhado é capaz de resolver todos os problemas que existam. Da maneira dele, mas resolve. Será que, agora, aposentado ele vai deixar de buscar soluções para curtir melhor a vida? Será que ele deixa de ser solução para ser problema? Se bem conheço meu cunhado (e olha que este grau de parentesco não é dos mais simpáticos), ele encontrará uma solução para esta situação que tornou-se uma tormenta na vida dele, pois, mesmo contribuindo para a previdência por longos anos, nunca achou que chegaria na melhor idade tão rápido. Ele já superou meio século de vivência e certamente terá outro meio século para ser o elixir da revitalização de nossa família. Afinal, com mais de 50 anos é de dar inveja a qualquer jovem, com o físico que tem, rapidez de raciocínio e agilidade incomuns, que certamente devem ser os problemas visíveis da aceitação da aposentadoria. O descrédito do Dr. Rolando Battistetti Filho é igual a de centenas de milhares de brasileiros que sonhavam em ter uma qualidade de vida melhor, e passaram a ser visto como algo descartável por culpa de um Governo que trata muito mal as pessoas que acreditaram no programa desenvolvido pelos governantes. O preconceito, penso que seja ainda o problema maior, antes mesmo da péssima administração pública quanto a previdência social, e a desigualdade entre recolhimento e recebimento. Minha mãe Marlene, ao se aposentar encontrou uma qualidade de vida melhor, mas sem filhos. O marido dela, o figuraça do Arnaldo, esbanja sabedoria quanto a aposentadoria, pois aposentou-se muito cedo, e tenho certeza que meu cunhado, em breve encontrará a disposição e a coragem de assumir a idade, a nova fase da vida e a visão dos verdadeiros professores da vida, pois não será do ganho da aposentadoria que ele deixará de cuidar da família e principalmente de assessorar minha irmã. Também não acredito na aposentadoria pública, por isso dou preferência para a privada, no entanto acredito que o dom maior é chegar bem a este estágio, afinal ninguém consegue ter vitalidade, disposição, saúde, inteligência, motivação, físico, e tantas outras necessidades simples que dependem de nós mesmos, por 100 anos. Isso mesmo 100 anos, que é a idade que temos que almejar. Existem exemplos de que é possível ser muito, mas muito mesmo, feliz com 60, 70, 80, 90 ou 100 anos. É uma questão de desejo aliado a conhecimento com disciplina. Isto pode ser chamado de Sabedoria Plena. Talvez o que meu cunhado não percebeu é que será difícil se aposentar com qualidade de vida se continuar fumando. Mas este é um outro assunto, afinal, ninguém é perfeito e meu cunhado é prova de que não existe perfeição entre seres humanos. Relaxe e aproveite esta conquista “cunhadão”, pois não são muito que atingem a sua marca, e isso deve ser celebrado.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A Caminhada para o bem-estar

Sempre tive dificuldades em praticar qualquer tipo de esporte. Não que eu não admira, mas por não colocar a atividade física como uma de minhas prioridades. Meu cardiologista sempre exigiu isso de mim, bem como percebi meu peso elevar-se e já sinto que não posso mais remediar. Ao descobrir que serei pai novamente e agora depois dos 40 anos de idade, conclui que se quiser acompanhar o crescimento deste filho que nascerá, terei que estar bem fisicamente. Só por essa razão já sinto disposição, porém, fiquei envergonhado de ser obrigado a me exercitar por esse motivo. Eu deveria ter esta consciência antes deste novo fato. Ao acordar de madrugada, horário que percebi ser o melhor possível em meu dia a dia, arquitetei um plano com relógios, roupas adequadas, cronômetros e desenvolvi um planejamento do percurso urbano. Caminho agora 40 minutos diariamente no bairro onde moro. Saio cedinho, e com o horário de verão, muitas vezes antes do sol começar a iluminar. Confesso que é muito complicado, mas percebo que meu corpo, além de gostar ele faz este tipo de exigência. Comecei então a procurar outros motivos para poder incluir este tipo de programação dentro dos meus afazeres cotidianos. Já descobri técnicas novas de caminhar e tenho diminuído meu tempo a cada dia. Penso, inclusive em aumentar a distância em um novo percurso. O que tem me chamado a atenção hoje em dia não é o fato de caminhar e sim como será a caminhada. Em pouco tempo já identifiquei cinco tipo de pássaros existentes no bairro que me deparo diariamente; já sei onde os gatos dormem e quais os cachorros que existem no meu trajeto; veículos estão estacionados sempre nos mesmos locais, bem como as mesmas pessoas acordam naquele período e fazem coisas automáticas, como eu. Alunos, profissionais liberais, ou até mesmo os funcionários, também se levantam cedo. Como aqueles que levam os filhos para a escola e vão e voltam para casa ainda com cara de sono. Em breve será minha vez. Hoje sinto falta disso. Os dias que não vou caminhar, seja por causa da chuva ou por culpa do relógio (essa é a melhor desculpa para não sair da cama), fico imaginando como foi o dia desse pessoal sem mim, pois, considero-me parte integrante deste processo de iniciação do dia, porque não me sinto diferente deles, em esperar que tudo isso aconteça automaticamente. Ao caminhar, fico esperando ver todos os tipos de pássaro, os gatos, os cachorros, as pessoas que limpam as frentes das casas ou levam o lixo para a Rua, os carros saindo das garagens e os empregados caminhando para o serviço. Quero acreditar que as mesmas pessoas que vejo, me vêem e esperam que eu passe por ali naquela manhã. Descobri com isso a força que existe na frase: Bom Dia. Ao dizer isso cinco ou seis vezes logo no começo do dia, sinto que realmente meu dia será bom. Tornei-me dependente deste cumprimento que sempre achei um chavão filosófico de bons costumes, e que hoje sinto na prática como é importante e a força que tem. Mentalmente passo a dizer bom dia, ao longo da minha caminhada aos pássaros, aos gatos, aos cachorros e especialmente as pessoas, que neste caso é verbal. É como se eu caminhasse para isso: desejar e receber um Bom Dia. Foi então que percebi que este meu exercício não é apenas físico e mental: é também espiritual. Não sei dizer quantos gramas eu perdi nesta caminhada, mas posso garantir o quanto eu ganho ao caminhar todos os dias, na esperança de que minha vida será longa, pois, o que mais quero neste momento é ter saúde para longos anos de prazer com minha família. Cada passo que dou é por mim e pelos outros, e cada satisfação que tenho, acredito compartilhar isso com outras pessoas e mais futuramente com mais pessoas, estando pessoalmente ao lado das que amo sendo saudável, feliz e realizado em ter aprendido mais uma lição que somente a vida oferece às pessoas que buscam conhecimento em tudo que lhe é oferecido. Hoje o exercício que faço é planejar a minha vida aos 50, 60, 70, 80, 90 e depois dos 100 anos de idade, pois caminhar tornou-se uma necessidade e vício espiritual. Minha caminha é para meu centenário.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A paralisia infantil em breve atacará às nossas crianças

Ao observar o desinteresse da população em vacinar as crianças contra a paralisia infantil, começo a acreditar que em breve o Brasil voltará a ter casos de paralisia infantil registrados. Da mesma forma que a febre aftosa voltou, a dengue voltou, a gripe voltou e assim sucessivamente. Tudo por falta de envolvimento da sociedade e de doenças em que a mudança no comportamento humano é a maior arma contra esses vírus que matam. Fiquei decepcionado em ver que a Secretaria Municipal da Saúde teve que adiar por três vezes o encerramento da campanha, e mesmo assim não atingiu a meta de 100% de vacinação, tão pouco a meta aceitável pela Organização Mundial da Saúde. Uma vergonha. Para quem não sabe de primeiro de janeiro a primeiro de julho de 2009, foram registrados 600 casos de paralisia infantil (poliomielite) em todo o Mundo, contra 714 no mesmo período de 2008. No total, o mundo contabilizou 1.652 casos de pólio no ano passado, e as estimativas para 2009 ficam em torno de 1.200 casos, mostrando que a doença continua recuando, diante de todo o esforço que os agentes de saúde, os rotarianos, voluntários, os médicos e enfermeiros se dedicam nesta causa. Segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS), de primeiro de janeiro a primeiro de julho deste ano, tivemos 160 vítimas da paralisia infantil nos chamados países reinfectados. E que fique claro: a pólio hoje em dia é realmente considerada endêmica em apenas quatro países: Índia, Nigéria, Afeganistão e Paquistão. Mas para a minha surpresa, 15 países africanos, onde a doença vem sendo registradas, mesmo que com poucos casos, voltaram a ter a paralisia infantil como problema preocupante. Agora são 19 Países em que o vírus é uma ameaça. O que assusta é que estes 160 casos contabilizados nos países reinfectados, neste primeiro semestre de 2009, já ultrapassaram a soma de todos os casos registrados nessas mesmas áreas ao longo de todo o ano de 2008, que foi de 146 casos, ou seja, em termos absolutos, a pólio está recuando, não há dúvidas, mas o vírus voltou a se alastrar, ainda que de forma tímida, em áreas onde já havia sido controlado. Não atingir a meta estabelecida para vacinar todas as crianças é uma ameaça para que este malefício volte a afetar seres humanos dos mais vulneráveis e que carregarão esta marca pelo resto de nossas vidas. Como bem diz o médico ortopedista, Darci Cavalca, que faz uma série de palestras de alerta sobre a paralisia infantil, inclusive mostrando fotos chocantes da doença, não podemos baixar a guarda. A qualquer momento esse vírus pode chegar até aqui, em questão de horas, e se as nossas crianças não estiverem protegidas, serão vítimas da doença. Para que uma criança contraia a pólio, mesmo num país onde a doença é considerada erradicada, e onde a maioria absoluta da população está sendo vacinada, como é o caso do Brasil, basta que ela não tenha tomado a vacina e entre em contato com o vírus que só ataca seres humanos, ou seja, havendo os cuidados de saneamento básico, fica mais difícil do vírus sobreviver, porém, não são essas as nossas realidades no Brasil, no Estado de São Paulo e em Marília. Ao observar a volta da Dengue, que apenas o comportamento humano pode combater o mosquito, e agora ver o que a Gripe está fazendo com a humanidade, passo a temer pela paralisia infantil que também depende da mudança do comportamento humano para ser evitada, seja nas políticas públicas de saneamento como o de vacinação. O primeiro caso, depende dos nossos governantes, mas o segundo não. Um pai ou uma mãe que não leva uma criança para ser vacinada contra a paralisia infantil deveria ser processada na Justiça como ameaça à sociedade como qualquer outro irresponsável é punido na Justiça Criminal, o que não me parece ser uma preocupação das nossas autoridades, que preferem multar e punir quem não tirou um título de eleitor do que um adulto que não protegeu o próprio filho e colocou em risco as demais crianças. É lamentável o ponto que a ignorância humana chega. Sem contar os problemas que uma criança com paralisia infantil provoca na sociedade, além os dela próprio. Daí o pai ou mãe aparece com cara de piedade e boa parte da sociedade fica com pena da família. Concordo com o ato de solidariedade com a criança, mas defendo que o pai ou a mãe deveriam ser punidos por não terem se preocupados com o próprio filho, pois as campanhas de vacinação são amplas, gratuitas e estão cada vez mais próximos dos mais ameaçados. Penso que chegará o dia que a campanha terá que ser em porta em porta. Mas para isso o vírus terá que voltar a ser um problema. Hoje é apenas uma ameaça, mas como dizem: é preciso que o mal aconteça para que providências sejam tomadas. Quando é que aprenderemos que a prevenção tem menos custo financeiro e logístico? Será preciso mais crianças morrerem ou serem vítimas da paralisia infantil para que a sociedade desperte? Enquanto que o problema não for seu, não se faz algo. Aliás, o que o amigo leitor ou leitora fez para que a campanha atingisse os 100% das crianças? Só levou para vacinar as próprias crianças? Acha que isso é o suficiente? É melhor do que nada, mas ainda não resolve. É preciso levar as próprias crianças e fazer com que outras sejam vacinadas também, senão os conceitos de fraternidade, conscientização social, humanidade, dentre outros, terão que ser revistos.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Trabalhar em equipe chega a ser antiético

Assisti com atenção a entrevista do tricampeão mundial de Fórmula 1, o brasileiro Nelson Piquet, em defesa do filho, que foi o pivô do banimento do chefe da equipe dele, na época, Flávio Briatore, do automobilismo mundial. Recordo-me da batida no ano passado, mas sendo um carro de fórmula 1, naturalmente espera-se sempre algo destruidor. A preocupação sempre é se o piloto sofreu algum ferimento fatal ou não. Talvez todos os telespectadores até gostem de ver batidas, trombadas e quebras dos carros. Coisas que são anormais. Natural do ser humano, pois, o que é anormal sempre chama e chamará a atenção, até o fim dos tempos. Considero o comentarista Reginaldo Leme, com quem tive o prazer de viajar junto muitas vezes quando ele acompanhava o futebol nos anos 80, um dos melhores e maiores especialistas do mundo, no que se refere automobilismo. Inclusive, ele é sobrinho de um ex-técnico de futebol, o folclórico João Avelino, aqui da cidade de São José do Rio Preto. A entrevista, conduzida por ele, foi muito fraca. Ficou nítido para mim, que Nelson Piquet, que nunca gostou de entrevistas, convidou Reginaldo Leme, que “dizem”, foi o primeiro a denunciar a trama de Briatore envolvendo Piquet Filho. Percebi que o tricampeão Nelson Piquet quis demonstrar que foi ele quem fez a denúncia e não o filho, inocentando o jovem piloto do que acontecera. Talvez tenha ficado pior, pois, se o menino aceitou e cumpriu, passa a ser parte envolvida. No entanto, sendo subordinado à Briatore, ele foi “obrigado” a fazer a manobra do acidente. Considero essa obrigação correta. Não entendo muito a questão de denunciar isso, depois que o dispensaram da equipe Renault. Já assistimos comportamentos semelhantes. Um manda e outro obedece, ainda mais esporte da F-1. Barrichelo foi o campeão da submissão. Não tenho dúvidas de que se ele enfrentasse esse poder hierárquico, já teria sido campeão mundial, mais de uma vez. Ele é um excelente piloto. Mas, também, aceitou ordem do chefão e teve a carreira rifada. Senna e Prost fizeram isso mais de uma vez. O próprio Schumaker fez isso de forma até mais vergonhosa. Hamilton fez recentemente uma barberagem proposital, de olho no campeonato. E o Alonso, então? Fez coisas parecidas. Isto quer dizer que: na competição acontecem coisas estranhas, que a meu ver é o trabalho de equipe, ou seja, quando se trabalha em equipe atitudes antiéticas são possíveis? Não podem ser desta maneira. Acompanhando o esporte por muitos anos, quando tive oportunidade de trabalhar na Rádio e TV Bandeirantes, Rádio e TV Record e Rádio e TV Gazeta, todas de São Paulo, vi coisas que me fizeram desacreditar em esporte profissional. Os resultados são maqueados, sempre que houver necessidade e que a maioria será beneficiada. No futebol, por exemplo, isto acontece, porém, muitas vezes o combinado dá errado, e daí a gente observa alguns absurdos em finais de título brasileiro ou estadual. Futebol não tem lógica e daí o combinado nem sempre dá certo. Conheço pessoalmente o Nelson Piquet Filho. Quando eu acompanhava a performance do piloto mariliense João Barion Neto, nas pistas de Kart, vi esse garoto filho de um tricampeão subir em muitos pódiuns, sempre de forma educada, pois é uma pessoa super educada, mas que foi obrigado a obedecer o chefão Briatore, o que qualquer um de nós faria da mesma forma, como campeões mundiais já fizeram e muitos farão. Não é esta a observação que faço da entrevista. O que me chamou a atenção foi ver um pai, super correto em sua carreira, não aceitar esse tipo de situação, sendo campeão três vezes nunca aceitou e sempre peitou os chefões, e percebeu a situação ridícula do filho que tem um grande potencial para o automobilismo. Pai nenhum agüenta isso, sem fazer nada. Piquet pai e Piquet filho não viveram juntos. Senti um pai desesperado em ajudar o filho, e promover um depoimento no Fantástico querendo ajudar o filho de alguma maneira, pois a palavra dele pesa no automobilismo mundial, como pesou. Espero que este episódio venha a unir pai e filho, como sempre deveria ser independente do que aconteceu com a família. Nada justifica a distância de um pai com o filho. Como disse a um grande empresário de Bauru, que me ligou estarrecido com a entrevista de domingo: Quem admira o tricampeão Piquet, continue admirando, pois, a entrevista foi o desespero de um pai, querendo que o filho tenha outra oportunidade. Que o filho cometeu um erro (que muitos cometem) e que aprendeu a lição: que no esporte é preciso ser mais do que campeão, e que muitas vezes, ao pensar na equipe agimos de forma antiética. Constantemente a vida nos dá sinais estranhos que custamos a entender, e que no final dá tudo certo. Como diz o ditado: No final dá tudo certo. Se não der, é porque não chegou o final. Espero que Piquet pai e Piquet Filho estejam mais unidos, pois essa união vai nos trazer um super campeão de Fórmula 1. A tendência é que os filhos sejam melhores que os pais. Se forem bem preparados, todos com certeza serão.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

ARTIGO - O que será que está acontecendo?

Fiquei assustado quando vi as imagens na TV da chuva de areia que invadiu a Austrália. De um lado, água. De outro, seca. E agora vem a areia. Passei a refletir o que pode estar acontecendo de tão sério para que a natureza reaja desta forma tão violenta. Seca, enchentes, degelo, tsunamis e outras formas terríveis de manifestações naturais, que não deixam de ser sinais para que o ser humano passe a prestar mais atenção no que vem fazendo com o Planeta Terra. É cansativo dizer, mas há tempos que esta agressão vem sendo demonstrado de diversas formas. As denúncias são tantas que as imagens que aparecem na TV todos os dias, passaram a ser tão corriqueiras que nem prestamos mais atenção. Essa chuva de areia me fez parar para perceber isso. Tem gente que acha linda a imagem das geleiras se derretendo, ou até mesmo de áreas desérticas. Não tenho dúvidas de que tudo isso é um alerta de que é preciso fazer alguma coisa. Coincidentemente os líderes de todas as nações estão reunidos na ONU, em New York, para falar sobre o assunto. Coincidência? Não acredito. A vida é feita de sinais, e pelo visto não estamos sabendo interpretar a reação da natureza. Acredito que os problemas que vivemos hoje, com chuvas exageradas, secas intermináveis, ventos cada vez mais velozes, e agora a chuva de areia nos centros urbanos, são demonstrações de que é preciso fazer algo para que tenhamos um Planeta Terra melhor para os nossos filhos. Mas o que eu posso fazer? Sinto-me escravo de uma série de hábitos que não consigo mudar. Estou esta semana sem meu carro, que está na oficina graças a um motorista de caminhão desatento que me encontrou no caminho, e percebeu isso tarde de mais. Estou aleijado. Não consigo ir a lugar algum a pé, ou ficar na dependência do outro. Como posso viver sem um automóvel? Observo que este é o maior equipamento que tenho que ajuda acabar com a camada de ozônio, porém, tenho uma dependência umbilical com este equipamento que não consigo viver sem. Será que eu me desfazendo do carro ajudaria em algo, para preservar o Planeta Terra do super aquecimento? Penso que não. Mais uma vez chego a conclusão que sozinho não posso fazer nada. Achei interessante a manifestação do Dia Internacional Sem o Carro. Justamente na semana que fiquei, inteirinha, sem meu carro. Que horror. Acredito que terei que pensar em outra forma de ajudar, pois o pouco que tenho acesso, sempre chegarei a conclusão de que minha ação é infinitamente pequena, da necessidade que o Planeta pede. Mas farei minha parte: vou procurar utilizar cada vez menos o meu automóvel. Vou ressuscitar minha bicicleta, comprar um tênis muito bom e investir nas caminhadas... epa!?... desta maneira posso aproveitar e perder uns quilos de gordura, melhorar minha condição física e revitalizar meus hormônios. Vi vantagem. É sempre assim: é preciso ter vantagens para promover mudanças de comportamentos radicais. Ao investir na saúde poderei fazer a minha parte para diminuir o aquecimento global que por conseqüência agredir menos a natureza. E mais: com a diminuição do uso de meu carro, passarei a investir menos em manutenção do veículo, ou seja, tenho inúmeras vantagens caso eu me proponha ajudar a diminuir o aquecimento global. Assim sendo, vou procurar investir em mim, que ajudarei o Planeta Terra. Mas espere ai? Então quer dizer que eu investindo em mim, ajudo o Planeta? Como sou burro mesmo... Mas será que sou o único?