terça-feira, 28 de abril de 2009
Vamos começar a batalha ajudando a Santa Casa
A semana que passou registrou uma série de atividades desenvolvidas por funcionários, médicos e dirigentes da Santa Casa de Marília, em função da comemoração dos 80 anos de fundação da maior e mais antiga instituição atuante no município. Foi palestra com o Ministro Tóffoli, Missa com o Bispo do Dom Osvaldo Giuntini, Inauguração da portaria e por fim a sessão solene na Câmara Municipal de Marília. Homenagens mais do que justas e ocasiões das mais importantes, para saudar uma instituição que tem a idade da cidade e presença fundamental para o atendimento público na área da saúde.
O que chamou a minha atenção ouvindo tantas pessoas falarem sobre o hospital é a história de seu surgimento, através do maior benfeitor de Marília, Bento de Abreu Sampaio Vidal, que doou áreas para a construção da Santa Casa, do Asilo São Vicente de Paulo, do Educandário Bento de Abreu e da Igreja Maria Izabel, um ao lado do outro. Se observarmos a construção de todos esses edifícios, verificaremos que eles foram erguidos com o desejo de serem um complexo só, mas que o crescimento do Bairro Cascata fez com que se separassem. Tanto que as finalidades destas instituições são todas filantrópicas e voltadas para o centro do quarteirão.
A história da construção do Pavilhão Infantil, com a maternidade, quando Cristiano Altenfelder presenteou a esposa com o prédio e os serviços, é outro marco que precisa sempre ser lembrado. Dom Osvaldo Giuntini, na missa celebrada na Igreja Maria Izabel, foi muito feliz ao comentar detalhes interessantíssimos da importância da igreja neste processo de cuidado especial aos necessitados com o advento das Santas Casas de Misericórdia em todo o Brasil, inclusive, em Marília. A religiosidade católica está diretamente ligada a todas as Santas Casas de Misericórdia no Mundo, com sua origem em Portugal e nada mais justo a extensão para o Brasil, desde época em que éramos colônia portuguesa. Outra parte da história muito bonita.
O atual provedor da Santa Casa de Marília, o empresário Milton Tédde, foi muito feliz em seu pronunciamento na Câmara Municipal de Marília em recordar a importância dos médicos neste processo de crescimento do hospital. Não tenho dúvidas de que os médicos são os principais parceiros do hospital e são fundamentais para os investimentos e serviços prestados, mesmo com a profissionalização da administração, afinal, cada profissional deve atuar em sua área de ação, e gestores devem administrar e médicos devem medicar, operar e cuidar da saúde do outro.
Ao falar da função do provedor e das pessoas que fazem parte da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Marília, Milton Tédde demonstra com riqueza de detalhes, o verdadeiro ato de voluntariado. Mostra, através da história, como era o comportamento do chamado provedor, aquele que tinha o ato de prover, originando o cargo. Milton Tédde lembrou-se de situações pitorescas de ex-provedores e a preocupação de outros voluntários na época, em zelar pelo hospital. Admito que não vejo diferença alguma da preocupação daqueles tempos com os atuais. O tempo passou, mas a preocupação em manter o atendimento da Santa Casa, com qualidade, continuou.
Naturalmente com o envolvimento do Estado na gestão dos hospitais filantrópicos tenha dado a idéia para a população de que virou obrigação o atendimento gratuito na saúde. Com a criação do Sistema Único de Saúde a impressão que se tem, é que todos devem ser atendidos gratuitamente, e não parece que seja assim. Existe limite para os provedores e para os atendimentos. Passei a entender o déficit dos hospitais, a partir deste ponto, pois com a limitação dos pagamentos por parte do Estado, como não atender? Ou como continuar atendendo? Quem paga?
Mesmo com essa complicação administrativa é importante para uma cidade celebrar os 80 anos de um hospital, sendo um referencial vivo da história de um município. O envolvimento da comunidade necessariamente deve ser cada vez mais intenso, pois, como bem disse o provedor em sua fala nesta semana comemorativa que passou: “um dia todos nós usaremos os serviços, os equipamentos e as acomodações da Santa Casa”. Uma verdade que nos faz refletir, pois uma vez acamado nada será possível ser feito para melhorar o atendimento que lhe será dispensado. Assim sendo, se quisermos ter um atendimento melhor quando formos clientes ou pacientes na Santa Casa, que comecemos a trabalhar agora. Ajudar a fazer do hospital um local adequado para a luta sobre a sobrevivência.
Achei interessante a colocação feita ao Ministro Tóffoli, que: quando uma pessoa entra num hospital, deitado numa maca olhando para o teto e vendo paredes sujas, luminárias quebradas, lâmpadas estouradas, ou coisas parecidas, certamente a dedução é de que o tratamento não será dos melhores. Entendi que o paciente quando tem certeza de que o local é bom, os profissionais são bons, os equipamentos são os melhores, a nossa luta interna pela sobrevivência é motivada pela esperança de que no hospital será travada uma batalha de vida ou morte, com chances maiores para a vida. Que façamos este campo de guerra um local favorável a nós, e não ao adversário. É preciso começar a lutar já, para que a batalha final seja mais fácil. Pense nisto. Quando estiver deitado no hospital, poderá ser um nocaute e daí é só esperar a contagem ou a decisão dos juízes, ou melhor: dos médicos.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
O exemplo das torcidas organizadas
Consegui neste final de semana assistir as duas partidas das semifinais do Campeonato Paulista pela televisão. Não foi surpresa, para mim, as classificações de Santos e Corinthians, que coincidentemente não disputam campeonatos paralelos como a Taça Libertadores da América, exceto o Santos que disputa a Copa do Brasil, sendo um torneio de nível menor do que o sulamericano. Talvez esta questão deva ser refletida pelos especialistas, porém, o que chamou a minha atenção foram os comportamentos das quatro torcidas organizadas que surpreenderam a todos, principalmente aquelas que tiveram os times desclassificados da final paulista.
Por quase 20 anos atuei como cronista esportivo e sempre observei a preocupação com a violência nos estádio. Cheguei a fazer coberturas jornalísticas horríveis de quebra-quebra antes, durante e depois das partidas de futebol nos estádios da capital, de Campinas, Bragança Paulista e no Rio de Janeiro. Foram poucas as vezes que registrei mortes, porém, fui testemunha de muita agressão, violência e destruição de boa parte dos estádios destas cidades. Cheguei a acompanhar muitos confrontos entre torcedores dos mais diversos com a Polícia Militar. Tiros, fogos, pancadaria, prisões e linchamentos eram freqüentes.
No entanto, neste final de semana, assisti palmeirenses e sãopaulinos se comportarem como torcidas de primeiro mundo. É de se estranhar, no Brasil, ver a torcida derrotada aplaudir o time que não conseguiu prosseguir no campeonato. Isso precisa ter um destaque na mídia, principalmente, para tentar equilibrar as tantas manchetes de que estádios de futebol são violentos, inseguros e verdadeiras praças de guerra. A mídia deve, e faz, menção sempre que a violência acontece. Deve, e nem sempre faz, menção de quando a torcida se comporta de forma surpreendente como aconteceu neste final de semana, por duas vezes. Talvez se somente num dos jogos isso acontecesse, seria um caso insignificante, porém, foram em dois jogos seguidos entre times que tiveram algumas de suas torcidas organizadas banidas dos estádios, que são os casos da Mancha Verde e Torcida Independente, sinônimos de selvageria.
No sábado o Palmeiras perdeu para o Santos e a torcia alviverde aplaudiu e se comportou de forma civilizada. Isto é raro, pois é sabido o quanto os palmeirenses são exigentes, principalmente com a situação delicada que a equipe se encontra na Taça Libertadores e ter sido líder do campeonato paulista inteiro, praticamente. No domingo, o São Paulo perdeu para o Corinthians e a torcida tricolor, também aplaudiu o time pela performance em campo. Ambos os times mostraram em campo garra, determinação e principalmente profissionalismo, que são exigidos pelos torcedores. A vitória é um detalhe. Os adversários foram superiores e mostraram isso com as bolas nos pés e dentro dos gols adversários. O Palmeiras ainda teve o agravante da violência em campo, que não contagiou a torcida, ou seja, os torcedores desta vez foram superiores aos jogadores desequilibrados.
Faço uma leitura positiva deste comportamento, no sentido de que é possível resgatar a Paz nos estádios. O exemplo foi dado. O sinal de que isso é possível foi demonstrado no sábado e no domingo, por duas torcidas reconhecidamente violentas. Desta maneira, penso que para um País que pretende sediar uma Copa do Mundo, é possível termos uma organização dentro e fora dos campos. Da mesma forma que dizem que a preparação dos jogadores evoluiu, de que os estádios estão melhores, de que a qualidade dos espetáculos cresceu, estou vendo que o comportamento das torcidas também está num crescente, a ponto de nos fazer acreditar que: crianças, idosos, mulheres e qualquer pessoa comum, podem assistir uma partida de futebol num estádio onde dois times tradicionais se enfrentem dentro de campo.
A minha lamentação continua sendo aos dirigentes. É impressionante verificar uma conspiração de evolução em uma série de detalhes quanto ao espetáculo em si, e ainda verificar que dirigentes de futebol se comportam de forma tão mesquinha, pequena, amadora e de forma despreparada. Enquanto as torcidas deixam os estádios lamentando as derrotas dos times, os dirigentes faziam fofocas, intrigas, acusações e justificativas infundadas pela desclassificação das equipes dentro de campo. Ficou comprovado, para mim, que o descrédito do dirigente é cada vez mais latente e que a torcida não agüenta mais ouvir besteiras de cartolas e de alguns cronistas esportivos, que também não perceberam que o futebol em si evolui. Ainda bem que existem muitos times de futebol para torcer e muitas emissoras de rádio e TV para escolher. Falou ou fez bobagem é só mudar. Quem tiver competência se estabelece. Ronaldo, o fenômeno, que o diga.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Feriado é para cansar ou descansar?
Neste mês de abril é o mês do ano com maior número de feriados em dias úteis. Passada a sexta-feira santa e a Páscoa, com todos que converso, o comentário é um só: “Puts... to cansado”. Pelo fato de muita gente ter dito isso, parecendo até que foi combinado, imaginei que fosse um sinal para fazer este tipo de reflexão. Afinal: feriado é para cansar ou para descansar? Faço este questionamento, porque também conclui que estou muito cansado, depois de três dias de folga sem trabalhar.
Não quero entrar no mérito se o feriado é correto ou não, se prejudica ou não o comércio e tudo mais. Ou se o feriado é para pensar nos motivos da paralisação. Quero pensar na questão do aproveitamento do tempo e se isso trará qualidade de vida ou não. Muitas vezes deixamos para o final de semana, ou até mesmo para os feriados, uma série de tarefas que não gostamos e que sempre vai ficando para depois. É um conserto aqui, uma pesquisa de preço ali, uma arrumadinha lá, uma revisão de última hora e assim vai. Acredito que todos pensem assim: “Ah... no feriado eu vejo”, ou então: “Ah... no final de semana eu faço isso”, e assim vai ficando até que não tenha mais jeito, e passamos a fazer o que tem que ser feito, de qualquer maneira e a qualquer instante.
Procuro ser uma pessoa planejada, mas confesso que são muitas as atividades que deixo para o feriado e final de semana, e no final, acabo tendo que admitir que não fiz nada daquilo que queria e que vou precisar de outro final de semana, ou então, esperar o próximo feriado para concluir o que queria. Sinto-me um idiota, quando chego a esta conclusão, pois percebo que aproveitei muito mal o tempo que tive e que não fui capaz de tomar a iniciativa e fazer o que me propus a fazer, mentalmente, como se eu fosse uma máquina programada para executar tarefas previamente elaboradas com dia, hora e tempo de execução.
Por outro lado penso que tudo que deixamos para fazer depois, ou quando o feriado chegar, não é importante. Desta forma, acredito que o nosso cérebro não ajuda a gravar e certamente não estimula a gente a realizar aquilo que não consideramos prioritário. Assim sendo, tudo que aparecer durante a tentativa de fazer aquilo que foi pensado, passa a ser mais prioritário, ficando o que foi planejado menos importante para o final. Penso que seja um problema de foco. Será que a partir do momento que eu focar melhor os meus desejos de finais de semana ou até mesmo dos feriados, terei meu planejamento concluído? Acredito que sim. Desta forma o ideal é fazer um exercício de mentalização e buscar prazer nestas realizações, pois, sei que a partir do momento que houver prazer, meu cérebro fará com que esta atividade seja prioritária.
Sou da opinião de que é preciso sentir prazer em tudo que a gente faz. Aprendi que a felicidade é o resultado de pequenos bons momentos. Assim sendo, se eu tiver muitos bons momentos, terei boa parte do meu tempo com a felicidade que tanto desejo. No emprego, na família, na Rua, na atividade voluntária, sozinho, ou qualquer coisa que eu venha a fazer, se eu acrescentar o prazer, é bem provável que eu sinta a felicidade. Não imagino felicidade e prazer separados. Penso que ambos estão ligados diretamente. Quando eu tiver um terei o outro. Não importa a ordem. Posso sentir a felicidade tendo prazer e terei prazer em sentir a felicidade...
A partir de agora, seja qual for o feriado ou o final de semana, vou mentalizar atividades prazerosas para reunir os momentos felizes a maior parte do dia. Igual ao que eu faço quando estou desenvolvendo minha atividade profissional durante toda a semana. Igual ao que eu faço quando estou desenvolvendo atividade voluntária pelo Rotary International, que faço constantemente. Da mesma forma que procuro ficar ao lado de minha esposa, filho, amigos e familiares sempre provocando o prazer e a felicidade, pois estar feliz com prazer ao lado das pessoas que gosta, só pode ser algo divino. Que venham os feriados e os finais de semana...
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Muitos motivos para comemorar
A cidade de Marília tem muitos motivos para comemorar o aniversário de 80 anos. Ao ser comparada com cidades centenárias e com grande importância no interior paulista, penso que isso seja um boa razão. Sempre que ouço comparações com Bauru, Araçatuba, São José do Rio Preto, Presidente Prudente e tantas outras cidades com mais de um século de história, fico orgulhoso. É como se fosse aquele caso do jovem entre adultos. Todos pensam que aquele jovem é do mesmo nível que os demais, e na verdade não é. No caso de nossa cidade, estar sempre no grupo de cidades importantes, lhe dá crédito para ser tão importante quanto as demais. Pior seria se estivéssemos num grupo de cidades fracas, pequenas e sem perspectivas.
Conheço detalhes da cidade de Marília graças ao incansável trabalho que a historiadora Rosalina Tanuri desenvolve em nossa cidade. Costumo dizer que ela é um patrimônio vivo do município (título que ela não gosta muito), e fiquei maravilhado com a homenagem feita pela rede municipal de ensino, ao desfilar no dia 4 de abril, com uma enorme faixa de agradecimento à ela. Reconhecimento pelo trabalho que ela desenvolve com paixão e encantamento. É impossível não se envolver com a história que ela nos conta sobre o princípio de nossa cidade. Os detalhes que ela apresenta nos conflitos entre os bandeirantes e os índios que aqui viviam são cheios de nuances que só tornam a história mais emocionante. Já li e reli todos os livros que ela escreveu sobre os índios e a nossa história. Fico emocionado todas as vezes.
Sempre que passo pelo centro da cidade e me deparo com o trânsito complicado, fico satisfeito. Vejo isso como um sinal do nosso crescimento e desenvolvimento. Ao passar pelos bairros da cidade e ter a sensação de que estou perdido, também fico feliz, pois demonstra que a cidade já não é só feita pelos centros comerciais ou prédios históricos. Quando ouço dizer que as Zonas Norte e Sul já são autosuficientes, fico feliz em observar que a cidade já está num crescente demográfico autosustentável, característico de uma grande cidade. Vejo tudo isso como sinais do desenvolvimento e que toda grande cidade é obrigada a suportar.
O que mais encanta-me na cidade é o seu clima agradável e o carisma que a envolve. Não conheço uma só pessoa, que tenha passado por Marília que não fale com ternura o nome de Marília. Conheço muitas pessoas que tiveram a experiência de virem para Marília por causa dos negócios, por estudo, passeando ou até de passagem rápida... Todos falam bem, independente da questão política, social ou profissional. O falar bem é com carinho, com o desejo de voltar e sempre destacando o comportamento acolhedor do seu povo. Os olhos das pessoas chegam a brilhar. Reparem!!! Mesmo admitindo que não somos uma cidade planejada, com visão futurística e principalmente com infra-estrutura adequada, conseguimos passar uma boa imagem, e como diz o ditado: a primeira impressão é a que fica. E nisso, a cidade de Marília com os marilienses são muito eficiente.
Temos nossos problemas internos, políticos, preconceituosos e o desnível intelectual e social. Também frutos do desenvolvimento. Temos miséria, desemprego, injustiças e desmandos. Também vejo isso como sinais do progresso. Temos falta de espaço para crescer, distância dos mananciais de água e principalmente área agrícola reduzida para acompanhar o crescimento demográfico. Vejo que são problemas preocupantes para uma cidade que quer crescer e superar as dificuldades, os obstáculos e até mesmo a crença de alguns de que não dá para se desenvolver.
Admito que por muito tempo o nosso slogan: Símbolo de Amor e Liberdade incomodou-me. Hoje ouço ou leio esta frase com uma enorme simpatia, pois procurei na história e no dia-a-dia a entender o que o poeta quis dizer com essa frase profunda e que sempre deve nos remeter para uma reflexão sobre o que queremos (tipo de amor) e onde poderemos chegar (tipo de liberdade). Sinto do símbolo do amor, esta empatia que a cidade causa a qualquer um. Observo na liberdade, o desejo de crescer sem ter por onde, sem depender de um segmento e o caminhar forte para o progresso de forma contínua.
Sempre digo que nossa cidade não depende de um segmento comercial, industrial e social para se manter crescendo. Marília está na quinta onda do desenvolvimento. Fomos agrícola, somos industrial, temos a tecnologia com as universidades, somos pólo regional do comércio e hoje crescemos na era da prestação de serviço. Já estamos nos preparando para a sexta onda: tecnologia. Acredito serem ingredientes para muito crescimento e desenvolvimento. É por isso que eu acredito nesta cidade e em seu povo, e apesar de não ser mariliense, não aceito que falem que Marília e os marilienses são ruins.Sempre que acontece isso, faço questão de questionar e mostro que a minha cidade com 80 anos de idade está melhor do que muitas cidades com 100, 150 ou 200 anos de existência. E se continuarmos neste ritmo, as nossas comemorações de 100, 150 e 200 anos serão muito melhores do que estamos vendo hoje em municípios visinhos. Alguém duvida?
terça-feira, 31 de março de 2009
A profissão do prazer
Tenho conversado muito com jovens em fase de escolha da profissão e sempre digo que a melhor alternativa é aquela em que você tenha prazer em desenvolver. Escolher uma profissão não é fácil. Geralmente optamos pelo emprego que o Pai ou a Mãe desenvolvem. Isto se deve em razão de que a profissão deles é vista a todo instante, e a tendência é sempre optar pelo estado de conforto agradável. O jovem cresce vendo este tipo de profissão dos pais, sendo comum optar por ela. Mas onde fica o prazer da realização? Falo sempre aos jovens quando sou questionado em minhas apresentações pelo Rotary International e até mesmo pela Fundação Bradesco, ou nas Universidades que sou visitante, de que a profissão deve ser escolhida através da satisfação de realizá-la, do valor social que ela tenha junto a comunidade e principalmente aquela que lhe dê ganho financeiro satisfatório. Ainda sou da opinião que o prazer, a satisfação e os desejos de ser e fazer, são os critérios básicos para a escolha, afinal estamos falando de algo que normalmente será feito a vida toda, e seria um sofrimento fazer algo que não goste na maior parte da vida.Quando comemos e bebemos, dois prazeres básicos, ou até mesmo o sexo, são por pouco tempo. Ao escolher uma atividade profissional que lhe dê prazer, a pessoa terá este sentimento maior parte do dia, e de forma prolongada. Dá para imaginar fazendo algo prazerosamente por horas? É algo divino e que é possível, desde que você no dia-a-dia faça aquilo que goste, e o que é melhor: a produtividade será certa, pois, praticará uma profissão sendo eficiente, eficaz e efetivo. Esses três “E” também são critérios a serem analisados na hora de escolher uma profissão, pois é preciso avaliar se a pessoa será capaz de fazer a coisa certa, obter os resultados necessários e que tudo isso afete a vida das pessoas de forma positiva.Ao explicar as diferenças entre emprego e trabalho (um é prazer e o outro é sacrifício) os jovens passam a entender melhor a importância da escolha. Vão perceber que ao escolherem o emprego agradável e prazeroso, não terão que trabalhar e sim empregar aquilo que conhecem na atividade que gostam. O ensinamento é melhor, o envolvimento é maior e os resultados são naturais. Por isso que sempre pergunto à eles o que gostam de fazer? A partir daí dá para começar a refletir sobre a atividade profissional que gostariam de fazer, e deste ponto em diante o planejamento é investir no conhecimento específico e técnico da atividade desejada.Não posso deixar escapar a oportunidade de ressaltar mais uma vez que toda e qualquer profissão escolhida vai exigir algo que atualmente faz a diferença entre os profissionais: saber lidar com pessoas. Penso que este tipo de comportamento teria que ser disciplina básica em qualquer curso universitário. Aliás, as grades universitárias devem ter duas atividades fundamentais do começo ao fim dos cursos universitários: gestão de negócios e psicologia aplicada. São duas atividades que o profissional liberal é obrigado aprender, e quando aprende é na marra e na base de muito sofrimento.Ao escolher a atividade profissional que lhe dá prazer, a pessoa perceberá que o Mundo vai conspirar para uma qualidade de vida melhor. Afinal, quando estamos satisfeitos com aquilo que fazemos, passamos a enxergar o mundo colorido e como sendo um local para ser feliz. Fomos feitos para sermos felizes, se não somos é porque não estamos sabendo aproveitar. Faça o teste. Nunca é tarde para ser feliz.
segunda-feira, 23 de março de 2009
Companhia dos jovens revitaliza os experientes
Nos últimos tempos venho tendo boas experiências na companhia de jovens. Nunca tinha percebido na prática, como isto exerce uma influência muito grande na vida de pessoas com mais idade. Ouvia dizer, mas acha que se tratava de algum exagero, mas hoje admito que realmente a companhia deles revitaliza qualquer pessoa acima dos 30 ou 40 anos de idade. Imaginem com pessoas de 50, 60 ou 70 anos de idade. Sempre fui formal, discreto, avesso as brincadeiras, a piadas e de muita descontração. Olhava para o jovem com certo ar de reprovação sobre as formas de comportamento e até do conteúdo dos pensamentos. Nos últimos dias estou revendo este meu conceito.
Ao acreditar que o nosso futuro está realmente nas mãos dos jovens e que devemos prepará-los bem para que tenhamos um futuro melhor, comecei a perceber que a comunicação entre adultos e jovens é bem complicada e que os adultos devem procurar um canal de comunicação melhor com os mais jovens e não o contrário. Estou aprendendo que somos nós, os tidos como experientes, que devemos buscar este canal e não ficar esperando que os jovens nos ouçam e façam aquilo que achamos o que é o certo. É preciso discutir essa relação sempre.
Ao ter contato com muitos jovens na formação de um grupo deste no Rotary Club Marília Pioneiro, tenho aprendido que o jovem pode ser responsável, equilibrado, organizado e muito bem articulado. Tenho verificado nesses jovens que formam o Rotaract Club Marília Pioneiro que eles são bem melhores do que muitos adultos que conheço e ainda muito mais ousados, desprendidos de preconceitos, de dificuldades e de disposição. Não confundir disposição com vitalidade, que são detalhes bem diferentes. Conheço muitos adultos com muita disposição e jovens sem vitalidade alguma. A cada reunião que participo com esses jovens tenho aprendido que nós seres humanos podemos ser nivelados, porém, tudo vai depender do interesse de cada um, e não da idade, da posição econômica ou até mesmo de conhecimento que detém.
Outra experiência que venho tendo nos últimos dias é na Fundação Bradesco, ao ser responsável pela disciplina de Comunicação Organizacional. Dia desses, me vi sentado à uma mesa, frente a 50 jovens estudantes, falando de comunicação, passando exercícios e debatendo assuntos sobre a disciplina escolar, ao lado de estojo de giz, caderneta de classe, planejamento de aulas e com o rótulo de Professor. Nunca, mas nunca mesmo, achei que eu seria colocado em uma situação desta. Confesso que ainda estou incomodado quando alguém se refere a mim como Professor. Não me vejo neste nível elevado, afinal sendo esposo de uma professora, sei o quanto a atividade precisa de conhecimentos específicos e de técnicas de transmissão de conhecimento. Estou sentindo na pele o quanto a classe do professorado tem um valor incrível na formação das pessoas.
O jovem tem um linguajar próprio, um comportamento específico e uma maneira de pensar bem diferente do que de qualquer adulto obviamente. Não é fazendo micagens, brincadeiras bobas, qualquer piada ou até mesmo menosprezando a capacidade de discernimento do jovem, que os adultos se aproximarão deles para uma comunicação produtiva. É buscando um nível de compreensão entre ambos que se troca informação com eles. É claro que eles estão mais para ouvir do que para falar, mas isto não impede de que nós, adultos, dediquemos mais tempo a ouvi-los do que falarmos. Tenho descoberto que ao ouvir o jovem sou capaz de encontrar palavras, pensamentos e mensagens mais fáceis de serem compreendidas por eles.
Quando fui jovem o comportamento naquela época era bem diferente. Sempre senti uma distância muito grande dos adultos de minha época. Não estou lembrando de conversas sérias e longas com tios, avós, ou primos mais velhos do que eu, como eu consigo ter com meus sobrinhos, amigos, colegas de trabalho e de estudos, com bem menos idade do que a minha. Tenho feito um esforço agradável para propiciar isto, e talvez esteja faltando esta dedicação dos mais experientes quanto aos jovens, pois sou da opinião que toda e qualquer pessoa tem algo a ensinar, desde que estejamos dispostos a aprender. Para isso, independe da idade, do poder econômico ou do conhecimento que as pessoas tenham. Não depende delas, e sim de mim.
Quero sugerir aos adultos que façam esta experiência e avaliem. Ao se deparar com um jovem, deixe ele falar e procure encontrar um meio de comunicação que ele entenda, pois o adulto tem que estar disposto a querer, pois do contrário os conflitos continuarão porque o que eles não tem é paciência. Devo dizer que: com a minha experiência de vida (cada um tem a sua) e a disposição em querer ouvir os jovens, sinto-me mais jovem, disposto, mais sociabilizado e tenho sentido uma felicidade que não conhecia. Isso confirma que a felicidade que busco está nas pessoas que estão ao meu redor, sejam elas jovens ou adultas, e que o responsável por um bom ambiente, depende de mim.
Márcio C Medeiros, é radialista e jornalista
domingo, 15 de março de 2009
Nós escolhemos os ídolos que queremos
Sou fã do Ronaldo. Admito isso e justifico. O cara é um exemplo de que mesmo fazendo bobagens é admirado. Fala errado, não demonstra ser culto, é simples, não ostenta a riqueza que tem, sempre mal acompanhado de homens, quando está com mulheres é por interesses, físico de gordo e deduzo que deva ser uma pessoa difícil de conversar e trocar idéias. Diante de tudo isso, as vezes forço-me a confirmar a admiração que tenho por ele. Nunca o vi pessoalmente, se quer troquei palavras. Naturalmente a admiração que tenho por ele é platônico.
Ao observar toda a atenção que a mídia dá ao Ronaldo Nazário, centroavante do Corinthians, considerado no Mundo como “o fenômeno”, vejo que meu ídolo é um ser normal como qualquer outro ídolo. Dos 18 anos em que fui cronista esportivo, tive oportunidade de conviver com dezenas de ídolos no futebol como: Emerson Leão (jogador e treinador), Telê Santana, Wanderley Luxemburgo, Rai, Careca, Muller, Zico, Sócrates, Neto, Jorginho, e tantos outros craques, em que aprendi a torcer por pessoas e não por times ou clubes de futebol. Sempre que eu me identificava com determinado ídolo eu passava a torcer para que ele sempre se desse bem, independente onde estivesse. E assim são os ídolos que tenho e sou torcedor de pessoas e não de times. Perdi minha identidade “clubística” em razão de ser amigo de pessoas que trabalhavam no futebol, e passei a torcer por treinadores, jogadores e diretores. Pessoas que eu penso que sejam boas.
Com Ronaldo “o fenômeno” é diferente, pois nunca tive qualquer contato com ele. Com Pelé, tive oportunidade de entrevista-lo algumas vezes, e o defino como “especial”. Todas as vezes que entrevistei Pelé, senti algo de diferente na entrevista e ele foi o único que me deixava emocionado no final. Numa delas, fui consolado pelo próprio Pelé, no Pacaembu, dentro dos vestiários na Copa Pelé, quando ele jogou contra a Argentina na final. Minha emoção foi tanta, que quase não consegui terminar a entrevista, quando ele abraçou-me e disse: “Calma garoto. Vai dar tudo certo”. Se existe um momento meu como cronista esportivo que não esqueço, é esse. Tive muitos outros, mas esse é o mais significativo.
O artilheiro Ronaldo também me deixa emocionado com freqüência. Toda vez que o vejo fazendo uma bobagem, fico esperando a superação. É assim em minha vida. Quando tomo noção de que fiz uma bobagem, aguardo a oportunidade de minha superação. Seria essa a minha identificação com o jogador? Pode ser. Acreditando que na vida nada é por acaso, Ronaldo tem a cara e o estilo do Corinthians: não importa os meios, as emoções estão garantidas. Não poderia estar em clube melhor, ele não tem cara de São Paulo, Palmeiras, Portuguesa, Santos ou qualquer outro clube. O cara é tão iluminado que vejo muita gente torcendo por ele, e não pelo clube. Palmeirenses, sãopaulinos, santistas e tantos outros, gostam de ver o Ronaldo em campo, e esperam um gol dele ou um comportamento diferente dele no jogo, independente da camisa que vista.
O Ronaldo não é santo, como Pelé não é. Não podemos esquecer que Pelé teve tantas mulheres e filhos em sua vida, que talvez desse para montar vários times de futebol. Pelé, envolveu-se até em escândalos financeiros com a Unicef e com empresas privadas, sendo Ministro na Era Collor, e nada disso abalou a imagem do ídolo. Com Ronaldo não será diferente, mas o cara sorri de uma forma contagiante, e fala tão simples que qualquer pessoa se contagia. Pelé é assim também, entende (jeito do Rei falar).
Concluo que os nossos ídolos nada mais são do que os sonhos que queremos ter e ser. Sonho ter um carrão... por conseqüência admiro carros. Sonho em ter muito dinheiro... naturalmente só penso em trabalhar, e assim vai. Quando me espelho em alguém, é o desejo que tenho de ser a parte boa daquele ídolo. Não quero ser a parte ruim, difícil e que muitas vezes a gente não quer saber. Só quero a parte boa. Pelé é meu ídolo, por ser uma figura emblemática no esporte. Ronaldo é meu ídolo, porque sempre está se superando. João Paulo II foi meu ídolo, porque era um ser iluminado. Esses ídolos que apontamos são capazes de mudar a história, e pessoas com esse poder devem ser admirados. A humanidade tem muitos exemplos neste sentido.
Kaká, atacante do Milan, é tido como o bonzinho, perfeitinho e tudo mais. Porque será que todos admiram Ronaldo, Romário, Edmundo e tantos outros chamados de “Bab Boys”, e deixam de lado os “santinhos”. Digo que admiramos o que eles são capazes de fazer, naquilo que se propõem a fazer e não pelo comportamento pessoal, familiar e religioso que deveriam ter. Kaká é um ídolo comum, sem destaque como Barichello, Massa, Marta e tantos outros, que fazem bem o suficiente. Não são fora de série. Admiramos só o lado bom, porque até eles têm o lado ruim, que não queremos. Mas sendo ídolo, só se destaca o lado bom. Essa, talvez, seja a vantagem deles de nós mortais que somos cobrados pelo lado ruim que temos. Para o Fã o lado bom já satisfaz. No caso de Ronaldo, sabemos que ele é sem vergonha, mas gostamos dele de graça. Não importam os erros pessoais que ele cometa, queremos os gols...
Márcio C Medeiros é radialista e jornalistaE-mail: marcio@medeiros.jor.brBlog: http: marcio-medeiros.blogspot.com#
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